Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crescente entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil aumenta a resistência das contas externas do país.A constatação está no relatório Investimento Estrangeiro Direto, divulgado hoje (9) pelo BancoCentral.“Os fluxos de IED nãogeram obrigações fixas frente ao exterior, constituindoassim fator que incrementa a resistência de nossas contasexternas”, diz a nota do BC. A expectativa é que o IED seja o contraponto do déficit em transações correntes(todas as transações do Brasil com o exterior) projetado em US$ 12 bilhões para este ano.O documento também revela a proporção entre esses investimentos e as remessas de lucros e dividendos de filiais de empresas estrangeiras instaladas no país. Em 2007, as empresas remeteram ao exterior US$ 17,9 bilhões (dado preliminar), o que corresponde a 7,58% do estoque de investimentos (US$ 322,5 bilhões). Em 2006, essa proporção era de 6,33%, em 2005, de 6,07% e em 2004, de 4,41%."Evidentemente, a aceleração docrescimento econômico e o conseqüente aumento dalucratividade das empresas têm contribuído para atendência de elevação da razão entreremessas brutas e estoque de IED", diz o BC.Segundo o BC, em 2007ingressaram no país US$ 34,335 bilhões de investimento direto (participação no capital). Desse valor, 46,9% foram aplicados em serviços, como osfinanceiros, comércio e consultorias; 39,3% foram paraa indústria e 13,8% para agricultura pecuária eextração mineral. Em 2006, o IED foi menor (US$ 22,706bilhões), aplicado em serviços (55,9%), indústria(37,3%) e na agricultura, pecuária e extraçãomineral (6,8%).No ano passado, osprincipais investidores foram os Países Baixos (23,75),seguidos por Estados Unidos (17,7%) e Luxemburgo (8,3%).Para este ano, aprojeção de analistas de mercado é deUS$ 30 bilhões no Brasil, valor próximo à expectativa do Banco Central, de US$ 32 bilhões. No anopassado, o IED chegou a US$ 34,6 bilhões (entreparticipações no capital e empréstimosintercompanhias), um recorde da sériehistória iniciada em 1947.De acordo o históricotraçado no documento, de 1996 a 2000, os ingressos relativos aprivatizações foram o principal fator de fluxo líquidode IED, principalmente nos setores elétrico e detelecomunicações. “Com o término desseprocesso e como conseqüência da volatilidade dos mercados(2001 e 2002), com aumento da incerteza quanto à performancemacroeconômica, reverteu-se essa trajetória,observando-se declínio na série, de 2001 a 2003”.Depois disso, “começanova escalada de investimentos, impulsionada pelo forte ingressoocorrido em agosto de 2004, referente à troca de açõesentre empresas residentes e não residentes, de, aproximadamente,US$ 5 bilhões, cujos reflexos no acumulado duram atémeados de 2005, decrescendo pelos quatro trimestres seguintes”. Deacordo com o BC, a partir do segundo trimestre de 2006, ocorre novoaumento de ingresso de investimento estrangeiro.O investimento estrangeiro direto é aquele feito na compra de empresas, equipamentos, entre outros interesses, que acabam contribuindo para a economia do país receptor, como na geração de empregos.