ONG bloqueia navio com madeira brasileira e acusa UE de financiar desmatamento

17/03/2008 - 18h38

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ativistasda organização não-governamental (ONG)Greenpeace bloquearam hoje (17) um navio que transportava madeirabrasileira para portos da União Européia (UE). Cincoativistas da ONG estão "pendurados" há cerca de cinco horas nos guindastes daembarcação Galina III, em águas francesas, segundo o engenheiro florestal MarceloMarquesini, que participou do início da ação.

Parte damadeira, originária de Santarém (PA), foidesembarcada em Portugal e na Espanha. De acordo com o Greenpeace,por causa do protesto, as autoridades francesas recomendaram que onavio não se aproxime do porto e a tripulação tenta seguir para a Holanda.

Osambientalistas argumentam que a madeira brasileira, apesar de serexportada como produto legalizado, tem origem irregular epassa por um processo de "esquentamento" entre a retirada dafloresta e a chegada aos portos para exportação. "Amadeira sai com documento, mas sabemos que o envolvimento de algumasmadeireiras com a ilegalidade é grande. A UniãoEuropéia consome entre 40% e 50% da madeira produzida noBrasil. É co-responsável pela destruiçãoda Amazônia", afirmou Marquesini.

Emrelatório divulgado hoje no Brasil, o Greenpeaceaponta o bloco europeu como financiador da exploraçãoilegal da floresta. "A demanda global por madeira e a falta decontrole nacional e internacional estimulam e financiam a exploraçãoilegal e a UE possui uma responsabilidade importante", de acordocom o documento Financiandoa destruição: a contribuição do governobrasileiro e do mercado europeu para a indústria ilegal epredatória de madeira na Amazônia brasileira.

O relatório informa ainda que 36% da madeira amazônica são destinados à exportação e que 47% desse total vão paraos 27 países da UE. No entanto, "fora as restrições da Convenção Internacional de EspéciesAmeaçadas da Fauna e da Flora, não há nenhumsistema para verificar a legalidade dos produtos comercializados nomercado europeu", segundo o Greenpeace.

Atualmente,a UE aplica medidas voluntárias de controle de origem damadeira que chega ao continente. Em troca da certificação,o bloco destina investimentos para a melhoria da administraçãodos setores florestais de países como Indonésia eMalásia, que ratificaram a parceria. Na avaliação do Greenpeace, alémda falta de controle europeu obrigatório, problemas do ladobrasileiro, como falhas na fiscalização, impunidade,corrupção e falta de investimento são osprincipais gargalos do combate à exploraçãoilegal para exportação.