Infraero poderia ter balanço positivo se gastos fossem considerados investimentos

17/03/2008 - 0h50

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Descontados os gastos daEmpresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) com bens da União, como obras e serviços deengenharia realizados nos aeroportos, a empresa registrou em 2007prejuízo de R$ 76,3 milhões. Esse valor é 43,6%menor que o verificado em 2006. A receita líquida foi de R$ 2,145 bilhões, um crescimento de 10,9% em relação ao ano anterior. O custo dos serviços prestados saltou para R$ 1,614 bilhão, crescendo 15,8%.Segundo o diretor financeiro da empresa, Sebastião FerreiraJunior, se osgastos com obras fossem contabilizados como investimentos, como é feitonas empresas privadas, a Infraero teria tido, em 2007, um lucrolíquido de R$ 261,2 milhões. O resultado é conseqüência da redução de reservas destinadas a possíveis perdas, como reconhecimento integral de perdas das dívidas vencidas da Varig, o que já havia ocorrido em outros anos com a Transbrasil e a Vasp. Essa reserva, que em 2006 foi de R$ 278,6 milhões, caiu para R$ 171,2 milhões no ano passado.Para o ano passado,estavam previstos investimentos da ordem de R$ 1,285 bilhão,mas problemas verificados pelo Tribunal de Contas da União(TCU), fizeram com que algumas obras grandes fossem paralisadas e oinvestimento ficassem em apenas R$ 573,1 milhões. A construçãodo terceiro terminal de passageiros do aeroporto de Guarulhos, umnovo terminal de passageiros em Florianópolis e a expansãodos aeroportos de Vitória, Goiânia e Macapá estãoentre as obras que ficaram para este ano.“Essa paralisaçãofoi provocada por questionamentos feitos pelo TCU no que diz respeitoaos preços unitários praticados em alguns dos nossoscontratos. São preços que resultam de processoslicitatórios e que o TCU entende que poderiam ser inferiores, baseando-se em tabelas que foramdesenvolvidas no passado com outra finalidade que não autilização em aeroportos (em pistas, pátios outerminais), que não há um sistema próprio”,afirmou FerreiraJunior. Ele disse que o TCU sebaseia, muitas vezes, em preços praticados em obras do Departamento Nacionalde Infra-Estrutura de Transportes (DNIT). Segundo ele, uma nova tabela específica para o setor aeroportuáriojá está em estudo pela Caixa Econômica Federal epelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Por conta das obrasparalisadas em 2007, a previsão de investimentos para este anoé de R$ 1,723 bilhão. Desse total, R$ 1,2 bilhãoestá estão previsto nas obras prioritárias do Programa deAceleração do Crescimento (PAC).