PIB cresceu porque país olhou para o mercado interno, avalia professor

12/03/2008 - 19h31

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O crescimento de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país) em 2007 põe por terra a tese de alguns analistas de que o simples fato de o Brasil aumentar sua posição no comércio internacional era suficiente para   fazer a economia crescer. 

A afirmação é do professor Osmar Sepúlveda, da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia, que acrescentou: “O PIB crescia muito pouco, mas agora cresceu mais de 5%, porque nós conseguimos olhar para o mercado interno, usar o mercado interno como fator que leva o PIB a crescer”.

Sepúlveda destacou a importância de dois fatores que contribuíram para a expansão do PIB em 2007: a melhoria na distribuição de renda e a redução na taxa básica de juros (Selic).

“A renda está mais bem distribuída, de um lado, por causa dos programas sociais do governo; e de outro, por causa da queda da inflação, o que produziu um crescimento da demanda interna. E a taxa de juros, embora seja a mais alta do mundo, ao cair ao nível atual já ajudou muito o crescimento da economia”, disse.Na avaliação do professor, se o governo fizer esforços para melhorar a distribuição de renda e utilizar uma taxa de juros “civilizada”, o PIB poderá crescer a níveis similares aos de países como China e Índia. “É uma prova de que, com toda a globalização, a gente tem um mercado interno que precisa ser levado em conta no planejamento e na política econômica do governo”. Sepúlveda demonstrou otimismo em relação ao crescimento econômico em 2008, "principalmente se o Banco Central for menos conservador no corte dos juros – podemos crescer num nível de 6% ao ano, com inflação civilizada, e já resolvemos um problema crônico, que era a balança de pagamentos, sempre deficitária". E sugeriu: "Podemos, com toda certeza, usar  o mercado interno e a distribuição de renda como um puxador do crescimento, mas para isso é preciso que o país acorde desse conformismo de ter de crescer 2%, 2,5%, como se nós fôssemos um país desenvolvido – na verdade, o Brasil é um país em desenvolvimento e precisa do crescimento do PIB para  melhorar outras condições, inclusive as sociais”.