Pesquisador diz que Bolsa Família é destaque na área social, mas precisa avançar

12/03/2008 - 9h02

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Programa Bolsa Família é o destaque da política social brasileira na última década e a principal ação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que completa hoje (12) quatro anos de criação, aponta o chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marcelo Neri. Segundo ele, apesar dos avanços, o programa ainda precisa ser aprimorado.“Sem dúvida o grande marco não só do MDS, mas da política social brasileira dessa década chama-se Bolsa Família. É um programa que custa menos de 0,7% do PIB [Produto Interno Bruto] e atende a quase 50 milhões de pessoas”, destacou Neri em entrevista à Agência Brasil.O Bolsa Família é um dos mais de 20 programas sociais coordenados pelo ministério e, na avaliação do pesquisador, conseguiu bons resultados nesse período. “Mas acho que o melhor ainda está por vir. Ao criar uma rede que consegue chegar aos pobres você pode pensar em uma série de ações”, acrescentou.Para marcar os quatro anos de criação do ministério, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Patrus Ananias, à frente da pasta desde o seu início, farão hoje um balanço dos resultados atingidos e anunciarão novas ações.A próxima fronteira a ser ultrapassada, na opinião de Marcelo Neri, é garantir aos beneficiários o acesso ao crédito bancário. “É usar a plataforma do programa para permitir o acesso à bancalização, ao crédito e ao microcrédito. Ele [o programa] cria oportunidades na vida dessas pessoas, mas o crédito pode fazer com que essas oportunidades sejam aproveitadas”, avalia.O aprimoramento do Bolsa Família, de acordo com ele, depende também de constantes mudanças das condicionalidades do programa, que precisam “impor desafios mais auspiciosos ao público alvo”.Um exemplo é a ampliação da faixa de cobertura na área da educação de 15 para 17 anos. “Nessa faixa etária, cerca de 18% dos jovens não freqüentam a escola, enquanto na faixa de 7 a 15 anos [que já era atendida pelo programa] boa parte das crianças, mesmo as mais pobres, já estavam matriculadas.” O deputado Nazareno Fontenele (PT-PI), presidente da Frente Parlamentar da Segurança Alimentar, acredita que o benefício pode ter seus resultados potencializados se for trabalhado de forma conjunta com outras políticas do governo. “O desafio é fazer a integração do Bolsa Família com outros programas para viabilizar o acesso a outros direitos. Isso otimiza recursos públicos e o acesso aos direitos básicos”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.