OEA deve adotar medidas práticas para evitar novas violações territoriais, diz Amorim

12/03/2008 - 20h01

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (12) que o Conselho de Chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) deveria adotar medidas práticas para evitar novas violações territoriais como a ação militar colombiana no Equador. Os chanceleres se reunirão no próximo dia 17, em Washington, para analisar relatório da comissão que investiga as circunstâncias do ataque ao acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), ocorrido no dia 1 de março.Nesta semana, a comissão de investigação - criada por sugestão brasileira e integrada por embaixadores do Brasil, Peru, Argentina e Panamá - esteve nos dois países e também no local do bombardeio. Amorim disse que ainda não conversou com o embaixador do Brasil na OEA, Osmar Chohfi, mas sabe que os diplomatas ficaram satisfeitos com as informações obtidas. Amorim, no entanto, não acredita que as informações possam motivar novas manifestações políticas dos chanceleres da OEA. "As pautas políticas estão dadas", afirmou, mencionando a resolução da OEA e a Declaração do Grupo do Rio sobre o assunto - ambos os documentos firmados na semana passada. "Vamos esperar as recomendações, mas acho que a reunião do dia 17 deveria fechar esse episódio, considerado superado politicamente, com algumas medidas práticas que permitam evitar que ele se repita no futuro", disse o ministro. Na reunião do Grupo do Rio, na última sexta-feira (7), em Santo Domingo, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, pediu perdão pelo ataque e prometeu não repetir este tipo de operação. Com isso, o presidente do Equador, Rafael Correa, deu a crise por encerrada. Apesar disso, até agora, o Equador não reatou relações diplomáticas com o país vizinho.Em sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, nesta tarde, Amorim ponderou que as questões de fundo que levaram à crise entre Equador e Colômbia devem ser objeto de um diálogo mais profundo entre os países latino-americanos. "Creio que as nuvens mais ameaçadoras se dissiparam. No que tem de mais profundo, é algo que vairequerer tempo, paciência e muita capacidade de diálogo", afirmou, admitindo que algumas cicatrizes "vão se curando aos poucos".Amorim disse que a questão das Farc é central, mas deixou claro que o governo brasileiro repudia os atos "terroristas" cometidos pelo grupo e que é favorável a um diálogo humanitário, e não político, com os guerrilheiros. Também reiterou que o Brasil não classifica as Farc de grupo terrorista, pois o país segue a classificação da Organização das Nações Unidas (ONU), pela qual o único grupo reconhecido como terrorista é o Al Qaeda. Explicou, ainda, que o país não aceita a classificação das Farc como movimento insurgente ou beligerante, pois isso daria aos guerrilheiros status no direito internacional.