Consultor diz que mudança na Eletrobrás ameaça investimentos privados em energia

12/03/2008 - 18h16

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A aprovaçãode medida provisória no Senado que autoriza aEletrobrás a formar consórcios ou Parcerias PúblicoPrivadas (PPPs) no Brasil e no exterior - inclusive como sóciamajoritária - pode afastar os investimentos privados no setorde energia. A avaliação é do professor daUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Adriano Pires, fundador do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), empresa deconsultoria na área da indústria de energia.“Isso [areestruturação da Eletrobrás] cria umaconcorrência desleal entre o privado e o público. Oinvestimento estatal não pode ser desprezado, mas nãocomo majoritário”, afirmou Pires em entrevista àAgência Brasil. Apesar de ressaltar quedará um “voto de confiança” ao ministro de Minas e Energia EdisonLobão, que tem afirmado que as mudanças na Eletrobrásnão vão prejudicar empresas privadas, o consultor sustenta que já há agora instrumentos que permitem umprocesso de reestatização. A possibilidade é definida por Pires como um “retrocesso”.Segundo Pires, o governo deveria reforçar o capital público em setorescomo educação, saúde e segurança, menos atrativos ao setor privado do que o energético, onde hámelhores condições de retorno. Ele também vêrestrições na conveniência da formaçãode parcerias entre o Brasil e países vizinhos para aconstrução de usinas hidrelétricas. “AAmérica Latina vive um ciclo em que empresas estatais sãomuito utilizadas para realização de projetos políticospessoais”, argumentou.