Crise com Espanha deve se atenuar, mas problema de imigração continua, diz deputado

11/03/2008 - 16h04

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Comissão deRelações Exteriores da Câmara dos Deputados,Marcondes Gadelha (PSB-PB), afirmou hoje (11), depois de visita aoembaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró, que a crisegerada pelo repatriamento de brasileiros impedidos de entrar naquelepaís não deverá se estender. “No que dependerda Espanha, a crise será limitada e não vai progredir”,disse Gadelha.

“O essencial desta reuniãofoi procurar estabelecer os limites dessa crise: Até que pontoé apenas um episódio, um soluço nas relaçõesdo Brasil com a Espanha, que sempre foram extremamente cordiais. Daparte da Espanha, o propósito é reduzir as tensões,atenuar esse relacionamento e evitar que a crise tome outrasproporções, e sobretudo que ela [crise] saiadesse campo diplomático e venha a chegar a tensões norelacionamento econômico e financeiro dos dois países.”

Segundo o deputado, o embaixadorRicardo Peidró teria relacionado o alto número debrasileiros repatriados na Espanha pelo período de fériasescolares e à intensa procura pelo mercado de trabalho nopaís.

Gadelha ressaltou, entretanto, que oproblema da imigração não está restrito àEspanha. Segundo ele, a questão mais delicada a ser abordadapela comissão na reunião de amanhã (12) écomo agir em relação à União Européia(UE).

“É uma política deEstado da Comunidade Européia. Como a Espanha é a portade entrada principal dos africanos, dos latinos, sobretudo vindos daAmérica do Sul, como brasileiros, paraguaios e bolivianos. AComunidade Européia resolveu focar em cima da Espanha e exigirmais rigor, um tratamento mais duro. Se um terceiro paísquiser evitar o ingresso de uma pessoa na Comunidade Européia,ele pode barrar através da Espanha.”

O deputado classifica a temáticadas imigrações no continente europeu como “o problemapolítico mais importante da atualidade” e lembra que, alémda Espanha, países como França e Inglaterra mantêmrestrições fortes em relação aosvisitantes sul-americanos.

“O que nos parece é que háuma política global da Europa contra as imigrações.O dado curioso é que eles precisam dos imigrantes. O próprioembaixador disse que o crescimento econômico recente da Espanhanão teria acontecido se não fosse a participaçãodos imigrantes. É uma relação ambivalente deamor e ódio. Eles precisam dos imigrantes e ao mesmo temporechaçam os imigrantes.”

A comissão deveráouvir amanhã (12) o ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, e a estudante de pós-graduaçãoda Universidade de São Paulo (USP) Patrícia Magalhães,uma das brasileiras impedidas de entrar na Espanha em fevereiro desteano. Patrícia iria participar de um congresso de físicaem Lisboa, mas foi detida no aeroporto de Madri, porque, segundoautoridades espanholas, não cumpria os requisitos mínimospara entrada no país.