Conselho começa a traçar “espinha dorsal” de sistema de formação de professores

11/03/2008 - 20h28

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Reunidos hoje (11), os integrantes do Conselho Técnico Científico (CTC) da Educação Básica acertaram um roteiro para definir a “espinha dorsal” do Sistema Nacional de Formação dos Professores, que deverá articular políticas de formação e capacitação de docentes dos ensinos fundamental e médio. De acordo com o diretor de Educação Básica Presencial da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Dilvo Ristoff, o assunto será debatido em abril e apresentado na próxima reunião do CTC, marcada para maio.

Hoje, os conselheiros traçaram um “mapa” das dificuldades da Educação Básica e apontaram a falta de profissionais com licenciatura, os altos índices de evasão profissional, a formação universitária deficiente e a distância entre a universidade e as escolas como os gargalos das políticas para a área. A expectativa do governo é que o sistema seja estruturado até o fim do primeiro semestre.

Dados da Capes apontam déficit de 246 mil professores nas redes públicas de 5ª a 8ª série do ensino fundamental e no ensino médio nas dez áreas do conhecimento. Ristoff cita, por exemplo, a falta de professores de Física e Química, áreas em que a demanda por profissionais na Educação Básica chega a 50 mil. No caso de Física, como as universidades formam anualmente 1,8 mil licenciados na disciplina e os índices de evasão são altos, ele calcula que, nesse ritmo, a demanda só será suprida em 84 anos.

“Temos que queimar etapas. O Sistema vai ter que considerar também programas emergenciais. Temos que pensar programas estruturantes de longo prazo, mas também problemas emergenciais. Em todas as áreas há urgência, mas no caso de Física e Química é uma emergência.”, compara.

Segundo Ristoff, as licenciaturas são os “primos pobres” dentro das universidades, por isso “precisam de todo o apoio”, em referência à decisão do Ministério da Educação (MEC) de alterar as regras do Programa de Financiamento Estudantil (Fies) para privilegiar a concessão de créditos a algumas áreas e restringir o benefício para alunos que optarem por cursos considerados saturados. O ministro Fernando Haddad já adiantou que as engenharias e licenciaturas serão priorizadas.