Câmara pode consultar Parlamento Europeu para solucionar crise Brasil-Espanha

11/03/2008 - 15h25

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão de RelaçõesExteriores da Câmara dos Deputados deve consultar o ParlamentoEuropeu e o espanhol na expectativa de aliviar, ou mesmo solucionar,a crise entre Espanha e Brasil. A informação foi dadahoje (11) pelo deputado Ivan Valente (P-SOL-SP), após visitaao embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró.

“É possível avançarnesse processo, mas é preciso um esclarecimento pleno dosfatos. Há um critério muito subjetivo para a avaliaçãode africanos e sul-americanos, sobretudo brasileiros, para a entradana Comunidade Européia”, afirmou o deputado.

Segundo Valente, o embaixador deveconsultar, ainda hoje, o Ministério de Relações Exteriores daEspanha para confirmar se participará amanhã (12) dareunião da comissão da Câmara. O deputadoressaltou, entretanto, que Peidró não confirma osrelatos de maus-tratos sofridos por brasileiros no AeroportoInternacional de Madri-Barajas.

“Não é fácilpara o embaixador admitir maus-tratos. Ele diz que a políciaespanhola não praticou maus-tratos. É evidente que hápreconceito e, por isso, reforçamos o convite ao embaixador[para participar da reunião da Comissão de RelaçõesExteriores]. Se não há nada a temer, entendo que aembaixada pode dar uma contribuição para distensionar oambiente e para que se volte à normalidade de relaçõesnesse campo.”

Ivan Valente defende que a comissãoinvestigue as “divergências” nas posiçõesassumidas pelo governo brasileiro e pelo governo espanhol.

“Nós somos sul-americanos ebrasileiros, e o pensamento do centro nem sempre é opensamento da periferia capitalista. O preconceito não écontra os europeus. Geralmente, é com aqueles que procuram umemprego lá [na Espanha] e até com pessoas queestão estudando lá. É fundamental que seesclareçam os fatos para evitar o preconceito, oautoritarismo, e uma ação alfandegária que, semdúvida, humilha as pessoas. Isso é inaceitável.”

A comissão tambémdeverá ouvir o ministro das Relações Exteriores,Celso Amorim, e a estudante de pós-graduação daUniversidade de São Paulo (USP) Patrícia Magalhães,uma das brasileiras impedidas de entrar na Espanha em fevereiro desteano. Patrícia iria participar de um congresso de físicaem Lisboa, mas foi detida no aeroporto de Madri, porque, segundoautoridades espanholas, cumpria com os requisitos mínimospara a entrada no país.

“Dizem eles [espanhóis]que as pessoas barradas têm um motivo para ser barradas.Amanhã, vamos pegar o depoimento de brasileiros que forambarrados e repatriados e vamos fazer a contraprova dessa questão”,afirmou o parlamentar, que aponta contradições entre osdepoimentos. “Eles [espanhóis] defenderam uma açãoreal da polícia espanhola e dizem que háirregularidades e [problemas de] conduta, e ao mesmo tempo, nossas pessoas barradasfizeram denúncias graves de maus-tratos, de preconceito e deanálise subjetiva da entrada na Espanha.”