Vale informa que instalará equipamentos contra poluição em unidade invadida pelo MST

10/03/2008 - 20h45

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Até o final do ano, a Vale instalará equipamentos de controle de poluição nos 71 fornos de carvão da unidadeFerro Gusa Carajás, no Maranhão. O local foi invadido e depredado porintegrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no último sábado (8), em protestocontra a poluição resultante da queima do carvão. Em entrevista coletiva hoje (10), o presidente da Ferro Gusa Carajás, Pedro Gutemberg,informou que o empreendimento tem todas as licenças ambientais necessárias e é ambientalmente sustentável. O carvão vegetal queimadonos fornos, segundo ele, é proveniente de 40 mil hectares de eucaliptos plantados – outros 40 mil hectares são de mata nativa preservada.“Estamos plenamente licenciados, não temos nenhum problemade licença ambiental. Mas a nossa empresa, até pelo caráter pioneiro desseempreendimento, vai buscar também soluções melhores para a questão da fumaça.Já temos dois protótipos que estão instalados nessa unidade e temos indicação deque 90% da fumaça são reduzidos com o uso dessa nova tecnologia. Só é preciso tempo para fazer a implementação desse protótipo em toda a unidade”, disse.A empresa não informou o tipo de filtro a ser instalado, nem o custo. O diretor executivo de Assuntos Corporativos e de Energia daVale, Tito Martins, admitiu até o fechamento da unidade, se ela não estivesseoperando dentro da conformidade.“Se nós chegarmos à conclusão de que a FerroGusa Carajás não está operando de acordo, nós fechamos. A operação está em conformidade com a legislação. Estamos buscando formas de minorar o queexiste de fumaça lá, porque tem fumaça. Se um dia a empresa chegasse àconclusão de que aquilo não era o ideal para estar funcionando, ela iria atéadmitir fechar. Não é o caso hoje”, afirmou.Martins informou que a companhia vai identificar e processar os líderes do MST, que chamou de “bandidos”. Na manhã de hoje (10), os integrantes do movimento ocuparam a Estrada de Ferro Vitória a Minas, no município de Resplendor (MG), onde mantiveram como refém um maquinista, liberado no final da tarde após decisão judicial que deu à Vale a reintegração de posse da área. “Claramente, existe um movimentoorganizado que está voltado para atingir nossas áreas. Nós estamos muitopreocupados, porque o movimento parece ter um plano de atingir a Vale. Parece-nos que é uma tentativa de umanova bandeira, atingindo um empresa que hoje se preocupa cada vez mais com asquestões ambientais”, disse.Indagado se a empresa negociaria com os integrantes do MST, Martins disse que "não há nenhuma possibilidade, até porque não reconhecemos como legítimo o que eles reivindicam". E acrescentou: "Preocupa-nos muito a maneira como fizeram [a invasão]. Eles foram agressivos, nós consideramos banditismo o ato e não negociamos com bandidos". As razões do MST para a invasão da Ferro Gusa Carajás foramdefendidas no site do movimento (www.mst.org.br)como ações contra a poluição que afetaria 1.800 moradores de umassentamento localizado a 800 metros dos fornos de carvão – a Vale afirma que a distância é de 1,5 quilômetro. No texto na internet, o MST afirma que os fornosforam instalados há três anos e que o assentamento está no local há 12 anos. Cada forno, segundo o MST, tem capacidade para 160 metros cúbicos, o que seria 30 vezes superior ao dos fornos de carvoarias comuns. O movimento alega ainda que a fumaça da queima do carvão está afetando asaúde dos moradores, principalmente crianças e idosos.