Para delegado, base da PF na Amazônia não vai resolver todo problema do tráfico de drogas

10/03/2008 - 20h29

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ainstalação de uma nova base de operações daPolícia Federal na região Amazônica vai “fecharapenas uma janela” de entrada de drogas no país na fronteiracom a Colômbia. A avaliação é do delegadoda Polícia Federal na cidade de Tabatinga Eduardo Primo daSilva. Segundo ele, a cada ano, são apreendidas mais de 1,5tonelada de cocaína na região de fronteira do Brasilcom a Colômbia e o Peru. Só este ano, já foram220 quilos apreendidos.“A novabase não vai resolver tudo, mas vai ajudar muito”, dizSilva, lembrando que a base Garatéia vai ficar na confluênciaentre o Rio Solimões e o Rio Içá, que é opor onde mais entra drogas no território nacional. Ele explicaque o Rio Amazonas tem mais de mil afluentes e que a nova base vaifechar a entrada de drogas em apenas um deles.Silvaconta que a principal dificuldade na fiscalização éa extensão do território. “Creio que não temostoda eficiência para combater tudo o que passa aqui. Fazemosmedidas de repressão diária, trabalho de inteligência,mas o Alto Solimões é uma região muitopulverizada, uma floresta inundada, que tem muitos canais, o quepossibilitaria a passagem de drogas por destinos onde não háfiscalização”, afirma, lembrando que a áreatem cerca de 15 milhões de hectares.Odelegado diz que não é possível afirmar se adroga que entra no Brasil é originária das ForçasArmadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). “Emnenhum inquérito alguém disse que veio das Farc, quepegou a droga em um acampamento, ou com guerrilheiro 'x' ou 'y'”,afirma. Mas ele lembra que toda a cocaína que entra no paísé produzida na Colômbia e no Peru, onde existemguerrilheiros das Forças Armadas.“O quea gente tem por certo é que toda a droga é produzida noPeru ou na Colômbia. A região colombiana e peruana queestá próxima a Tabatinga é uma região deselva, onde há notícias de que existem guerrilheiros, etambém há notícias de que esses guerrilheiros sededicam ao narcotráfico. Agora, afirmar isso [de que a droga que entra no Brasil vem das Farc], efetivamente, eunão posso”, afirma o delegado.Segundo odelegado, a droga é trazida ao Brasil das mais diversas formas. Há pessoas que carregam a droga em malas e há outras que a "escondem" no próprio corpo,engolindo a droga. “Fundo falso é uma realidade constante”,conta.A PolíciaFederal confirmou hoje (10), por meio de sua assessoria de imprensa,que terá uma nova base de operações na Amazônia.