Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após a invasão no último sábado (8) de uma unidade da empresa Vale no Maranhão, mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Via Campesina ocuparam na manhã de hoje (10) a Estrada de Ferro Vitória a Minas, no município de Resplendor (MG). A ferrovia é administrada pela mineradora que, em nota, repudiou “a violência e as constantes ameaças” do MST. A Via Campesina contabiliza a participação de mais de 1 mil mulheres, enquanto a Vale divulga a presença de 600 manifestantes.Segundo a coordenação dos movimentos, o protesto que teve início às 5h é uma denúncia dos “males sociais e ambientais que a Vale vem causando aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo”. “Ela [Vale] construiu uma barragem na região que tem causado uma série de problemas de esgoto, ocasionando danos para a saúde da população”, explicou em entrevista à Agência Brasil a coordenadora da Via Campesina em Minas Gerais, Daiana Machado. A pauta de reivindicações inclui também a reestatização da empresa.O diretor da estrada de ferro, Marcelo Barros, disse que a Vale ainda não foi comunicada oficialmente sobre as causas do protesto. “Eles estão aqui discursando e inflamando a população para ir para lá. Nós também queremos entender qual é o motivo da paralisação da estrada de ferro que não tem nada a ver com os movimentos sociais. Nosso sentimento é de incômodo pela forma violenta com que fomos abordados”, afirmou Barros à Agência Brasil.A coordenação do protesto informou que não pretende desobstruir a ferrovia até que algum representante da mineradora dirija-se ao local e negocie com a população do município. A polícia ainda não foi acionada. “Estamos entrando com um pedido de reintegração de posse e assim que a gente estiver com essa liminar em mãos a polícia deve entrar em ação”, disse Barros. De acordo com a Vale, além de inviabilizar o transporte de 300 mil toneladas de minério de ferro até o porto de Tubarão (ES), a invasão impede a locomoção de passageiros que utilizam o trem como meio de transporte na região. Daiana Machado afirmou que não há previsão de outras ações para os próximos dias, mas que “enquanto houver injustiças continuaremos lutando”.