Falta de pessoal e de recursos dificulta funcionamento de hospital universitário no Rio

10/03/2008 - 20h07

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Com um atendimento médio de 25 mil consultas mensais e um corpo médico em torno de 3,5 mil profissionais, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), enfrenta déficits de verba de custeio e pessoal, que impedem a ampliação do trabalho.

"O que falta ao nosso e a todos os hospitais da rede do Ministério da Educação que têm tratamento semelhante é custeio", disse hoje (10) o diretor-geral do hospital, Alexandre Pinto Cardoso. Ele informou que existe uma defasagem em relação aos contratos do Sistema Único de Saúde (SUS) e defendeu a contratação de mais profissionais.

O hospital, lembrou, não tem orçamento próprio e vive da prestação de serviços ao SUS. “Recebemos por esses procedimentos, para dar conta das nossas atividades”, disse, mas os pagamentos são feitos pelo hospital em valores de 2008, embora sigam contratos firmados em 2004. Essa defasagem, segundo Cardoso, precisa ser corrigida. Os reajustes previstos desde 2004, à razão de 20% ao ano, não foram efetuados, informou. “Quando há atraso de repasse, isso nos cria um problema – não temos condição de ter estoque, porque nós compramos e aplicamos", acrescentou.

O diretor-geral explicou ainda que os repasses ficam aquém das necessidades da  instituição. Para o tratamento de doentes com leucemia, por exemplo, eles utilizam um remédio cujo custo é de R$ 45,63 por comprimido. “Isso significa  que nós temos uma necessidade mensal entre R$ 200 mil a R$ 250 mil com esse tipo de medicamento. No entanto, pelo nosso contrato com o SUS, nós recebemos R$ 33. Então, nós estamos subsidiando com essa diferença cada tratamento que fazemos, porque a tabela não foi reajustada”, disse.

Cardoso defendeu um reajuste do custeio "para fazer frente à nossa missão", ao analisar que se trata de um problema de gestão. A mudança da figura jurídica dos hospitais está em tramitação na Câmara dos Deputados, "mas enquanto isso não vem, precisamos de uma solução".

Ele lembrou também o déficit de pessoal qualificado, com previsão de piora em 2009, devido à lei que regulamenta o incentivo de periculosidade e insalubridade, e faculta a aposentadoria, nesses casos, antes do tempo previsto usualmente. Com isso, Cardoso prevê perda de 20% da força de trabalho. Em todo o sistema universitário brasileiro, acrescentou, o déficit chega a 25 mil funcionários, entre médicos, técnicos, administrativos e enfermeiros para os hospitais.

No Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o déficit é de 700 profissionais, pagos com recursos de custeio. O diretor-geral defendeu a realização de concurso público para integrar essas pessoas ao quadro funcional. E informou que proposta neste sentido será apresentada na quarta-feira (12) ao Congresso Nacional, pela Associação Brasileira dos Hospitais Universitários e de Ensino (Abrahue).