Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O valor médioexportado pelas micro e pequenas empresas cresceu nos últimosanos, mas o número de empreendedores que mantiveram negócioscom o mercado externo caiu. Foi o que revelou estudo divulgado hoje(10) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro ePequenas Empresas (Sebrae), encomendado à FundaçãoCentro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). O levantamento mostra que o aumento médiodo valor exportado entre as microempresas foi de 5,8% em 2006, emrelação a 2005, e de 11,3% entre as pequenas, em umatendência de alta observada desde 2002. “O crescimento do faturamento médio éexplicado pelo maior valor agregado dos produtos exportados. Temosempresas que conseguiram se manter e, a partir da introduçãode tecnologia e de inovação, alcançaram umaumento de escala”, afirmou à Agência Brasil opresidente do Sebrae, Paulo Okamotto. Ele informou que setoresespecializados, com mais investimento em tecnologia, como o deprodução de softwares, tiveram crescimento maior do queos baseados em mão-de-obra intensiva, como o de confecções.O montante exportado pelas microempresas em 2006atingiu US$ 148,5 milhões, o que representou um crescimento de2,4% em relação ao ano anterior. Já as pequenasempresas exportaram um total de US$ 1,76 bilhão no mesmo ano,um acréscimo de 6,1%. Em contrapartida ao aumento no volume deexportações, o estudo aponta que houve queda de 2,6% nonúmero de empresas que exportaram em 2006. Naquele ano, 12.998empresas de micro e pequeno porte venderam seus produtos no exterior.Deste total, somente 31,8% das empresas atuam continuamente com omercado externo, 34,5% de forma descontínua e 33,7% tiveramsua primeira experiência neste tipo de comercialização.A descontinuidade ocorre, segundo Okamotto, porquemuitas empresas entram no mercado internacional sem grandes reservase acabam desestimuladas pelas mudanças cambiais. “Com o real cada vez mais caro, a empresa perdevantagem e cai fora do mercado por não ter preçocompetitivo”, explicou. “Exportar a primeira vez fazendo umesforço grande, você consegue. Mas depois, precisa tercapital de giro adequado, assistência técnica. Épreciso fôlego para se manter exportando, porque o retorno dodinheiro é mais demorado do que na venda para o mercadointerno”, acrescentou. O percentual de participação dasmicro e pequenas empresas em relação àtotalidade das exportações do país segue emritmo decrescente nos últimos anos. Esse índice em 2006foi de apenas 1,4%. O presidente do Sebrae disse que o órgãoestá investindo na capacitação de empresáriosinteressados em entrar no mercado internacional, para que eles tenhamdomínio de condições exigidas tais como capitalmínimo, tipo de financiamento a que têm acesso ecertificação de produtos que serão exportados.“Uma alternativa é atuar de forma consorciada, para quecaiam os custos e as pessoas possam ter uma atuaçãomais profissional e mais permanente”, ressaltou Okamotto. A metodologia de classificação dasempresas utilizada no estudo seguiu os limites de receita brutaanual, previstos na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Asmicroempresas são aquelas com receita anual máxima deR$ 240 mil. Para as pequenas empresas, o montante pode chegar a atéR$ 2,4 milhões.