Petrobras define apoio a projetos na área de geociências

18/02/2008 - 19h12

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Petrobras avalianeste semestre os projetos da área de geociências desenvolvidos por universidades brasileiras que poderá apoiar notriênio 2009/11. Segundo o gerente de Geologia Estrutural eGeotectônica do Centro de Pesquisas (Cenpes) da empresa, EdisonMilani, o próximo passo é “valorar [os projetos]e passar a competir pelos recursos do orçamento”. No triênio2006/2008, o investimento da estatal em geociências foi de R$110 milhões, com destaque para o suporte de quatro redes(geotectônica, geofísica, sedimentologia e geoquímica).Na área de geologia estrutural egeotectônica, dois projetos contam este ano com recursos daPetrobras equivalentes a 0,5% do faturamento de determinados camposde óleo, em atendimento à Lei do Petróleo, queobriga as concessionárias a investir esse percentual empesquisas. O primeiro prevê a instalação de umarede sismográfica, coordenada pelo ObservatórioNacional, para monitorar tremores de terra no país. O outroprevê a instalação de sensores magnéticosde posicionamento (GPS, do inglês Global Positioning System)que permitem detectar movimentações mínimas, emescala de milímetros, de blocos ou áreas do territórionacional. Os projetos que recebem recursos da chamadaparticipação especial necessitam ter o aval prévioda Agência Nacional do Petróleo (ANP), explicouMilani,em entrevista à Agência Brasil. “APetrobras está colocando recursos para construir umainfra-estrutura, mas o grande usuário dessa infra-estrutura éo meio cientifico brasileiro”, destacou Milani, ao falar sobre oprojeto da rede sismográfica. Treze instituições deensino superior fazem parte do projeto. Milani ressaltou que não há risco deabalos sísmicos para a segurança da estrutura dasplataformas marítimas de petróleo. “Se fosse um pontocrítico a estabilidade de plataformas, a Petrobras játeria construído há muito tempo uma rede própriapara monitorar isso. Na verdade, se tem alguém que zelar porcondições de segurança, esse alguém éa Petrobras.”Ele informou que, depois de instalada, a Rede deEstudos Geotectônicos, que representará uma grande fontede conhecimento técnico-científico, ficará àdisposição de toda a sociedade e também daPetrobras, que apóia o projeto com cerca de R$ 20 milhões.Milani lembrou o tremor de terra ocorrido sábado(16) no Ceará, que atingiu 13 municípios e teve comoepicentro a cidade de Sobral. O abalo alcançou 3,5 graus naEscala Richter e, embora considerado pequeno, assustou os moradoresda região. “O Brasil é uma grande área cega emtermos de monitoramento de sismicidade”, disse Milani, embora maisestável que outros países latino-americanos, comoArgentina e Bolívia. Ele alertou, porém, que ascondições de geologia particulares não deixam opaís totalmente isolado da possibilidade de terremotos. “Eles [tremores] existem, significativosalguns, e a rede de sismógrafos que está sendoplanejada é justamente para monitorar e entender melhor onosso território.” Isso não quer dizer, entretanto,quea rede terá condições de prever a ocorrênciade tremores de terra: “Consegue-se constatar alguma coisa, mas [de]prever algum problema o equipamento não tem capacidade. Elepode dar tendências históricas. Os fenômenosnaturais não têm esse controle absoluto deprevisibilidade.” Quanto ao projeto de instalação desensores magnéticos de posicionamento, Milani explicou que setrata de outro tipo de monitoramento, agora de movimentaçõeshorizontais. "Isso, em escala de planeta, é muitorelevante, porque o que causa o terremoto é justamente amovimentação das partes entre si”, argumentou. Ainstalação do GPS funcionará como complemento àrede sismográfica coordenada pelo ObservatórioNacional. A perspectiva é que os recursos alcancem o mesmovalor dessa rede.O projeto, que deve ser apresentado nos próximosmeses pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), começoua ser discutido no ano passado, mas ainda estão sendodesenvolvidos estudos. “A gente pretende começá-lodurante 2008 ainda”, disse o gerente do Centro de Pesquisas daPetrobras. Para definir os projetos que receberão apoio daPetrobras, o Cenpes realiza anualmente duas reuniões, dasquais participam representantes de todas as universidades do país.