Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasilé uma exceção entre países da Américado Sul na relação entre a sociedade civil e o Estado. Aconclusão é da antropóloga Regina Novaes,consultora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais eEconômicas (Ibase), que acredita que nenhum dos demais países pesquisados no estudo Juventude e IntegraçãoSul-Americana consiga reunir as duas pontas para discussão e construção de políticas públicas para a juventude.“Essarelação [sociedade civil e Estado] não se coloca da mesma forma em nenhumdos outros cinco países analisados”, disse Novaes, durante aapresentação da pesquisa realizada pelo Ibase em parceria com o Institutode Estudos, Formação e Assessoria em PolíticasSociais (Pólis).O estudomostra as expectativas dos jovens no Brasil, Argentina, Uruguai,Paraguai, Chile e Bolívia. Segundo Novaes, nenhum dos paísestem, neste momento, uma oportunidade de diálogo para construção conjunta desse tipo de política.
Asocióloga Helena Abramo, que fez a supervisão técnicada pesquisa no Brasil, também acredita que o país está à frente na questão da participação social. Ela disse que é preciso qualificar ainterlocução dos formuladores de políticaspúblicas com os jovens. “Nem todas as demandas dos jovenssão levadas em conta na formulação das políticaspúblicas para a juventude”, disse.Elalembrou que os jovens estão cada vez mais organizadoscoletivamente e colocando no espaço público suasdemandas. Abramo disse que esses jovens não estão concentrados apenas na classe média,mas são oriundos também dos setores populares dasociedade. De acordocom a socióloga, entre as categorias de jovens pesquisadas noBrasil estão trabalhadores do corte manual de cana,trabalhadores do setor de telemarketing de São Paulo e umgrupo de hip hop de Caruaru (PE). Segundo Abramo, a demanda dos jovens com relação aotrabalho é por melhores condições.O vice-presidente doConselho Nacional de Juventude, Danilo Moreira, disse que a pesquisaajuda a integrar a América do Sul não apenas do pontode vista econômico, mas também político ecultural. O secretário-executivo do Conselho Nacional deJuventude, José Eduardo de Andrade, propôs que a discussãosobre a pesquisa seja aprofundada.