Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A atriz Letícia Sabatella, integrante da organização não-governamental Humanos Direitos, disse hoje (14) que o debate sobre a transposição do Rio São Francisco é tardio e que propostas alternativas deveriam ter sido discutidas antes que as obras começassem. Ela participou de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado.“O debate deveria ter sido amplamente divulgado. Antes de se decidir pela transposição deveríamos conhecer bem as propostas alternativas, principalmente a do Atlas do Nordeste”, disse. O Atlas do Nordeste é um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) com 530 propostas de obras para prevenir a escassez de água no semi-árido nordestino.O estudo da ANA também foi citado pelo bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio, durante a audiência. Segundo Cappio, essa proposta poderia beneficiar 44 milhões de pessoas, sendo que a transposição beneficiaria 12 milhões.“O principal problema é que ela [a transposição] é focada num modelo de desenvolvimento que não favorece a condição humana, a sustentabilidade do semi-árido e dos ecossistemas da região. A transposição é mais um projeto grandioso que tem como princípio extrair e promover a extração, a exportação e o desenvolvimento econômico”, argumentou Sabatella.Ao final da audiência pública, a atriz e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), ex-ministro da Integração Nacional e defensor das obras, tiveram uma discussão. A atriz criticou o deputado por se referir apenas à transposição do rio, sem levar em conta outros assuntos relativos ao rio.Ciro rebateu a crítica e disse que os críticos da transposição não agem de forma respeitosa. “Tecnicamente é necessário que os críticos tomem juízo, não no sentido negativo da palavra, mas para ver se é possível”, afirmou. “Não tenho respeito por alguns críticos. Faço honestamente essa confissão porque não percebo boa-fé em alguns.”