Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A direção do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães, que representa os alunos da Universidade de Brasília (UnB), deve entregar na próxima quarta-feira (20) uma representação ao Ministério Público Federal (MPF) solicitando uma investigação sobre os recursos utilizados pela universidade na decoração do apartamento funcional do reitor da instituição, Timothy Mulholland, e sobre a participação dele na deliberação dos gastos. Na representação, os alunos também irão pedir o afastamento do reitor durante as investigações.“A gente não quer fazer pré-julgamento, mas é importante que ele se afaste, por isso nós vamos fazer essa representação ao MPF, nós vamos solicitar esse afastamento, até porque todos os mecanismos de auditoria, de fiscalização das contas da universidade passam pelo reitor”, afirmou em entrevista à Agência Brasil o diretor-geral do DCE, Fábio Félix, que qualificou os gastos no apartamento de imorais. Na entrega da representação, deve ser realizado um ato simbólico em frente à sede do MPF.Além da investigação relativa aos gastos no apartamento funcional, os estudantes também querem que sejam apuradas as contas e a atuação da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), fundação de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico ligada à UnB, e do cartão corporativo da universidade. Segundo Félix, os valores do cartão da UnB responderam por 36% do total de gastos de todas as universidades federais.Os estudantes pretendem ainda redigir e assinar um manifesto expondo essas solicitações que serão levadas ao MPF e questionando o papel das fundações de apoio na universidade. O DCE convidou a Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb) para também assinar o documento e participar da manifestação na próxima quarta-feira (20).“A Adunb já fez declarações de que é muito obscura a questão das verbas da Finatec e como é a alocação de recursos na universidade. Nós chamamos a Adunb para junto conosco assinar esse manifesto na universidade, pela comunidade acadêmica”, disse Fábio Félix. A direção da Adunb está reunida na tarde de hoje (14) para decidir como a associação vai atuar em relação ao caso.A Associação de Moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU) também foi convidada pelo DCE. De acordo com Fábio Félix, os dados do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) apresentados no Conselho Universitário (Consuni), um dos conselhos superiores de administração da UnB, apontam que durante 2007 foram gastos menos de R$ 100 mil nas despesas da CEU. Só com a decoração do apartamento do reitor, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) estima que foram gastos quase R$ 500 mil.