Oposição só desistirá de obstruir votações se conseguir cargos em CPI

13/02/2008 - 12h14

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Governo e oposição travam mais um dia de embate em busca da presidência e relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará o uso de cartões corporativos. A oposição continua decidida a obstruir as votações no Senado e diz que o único entendimento possível com o governo é conseguir um dos dois cargos.“De nossa parte, o entendimento é a divisão das atribuições: relatoria com um grupo, presidência com outro grupo. Fora disso, o que se pode discutir é perfil das pessoas, equilíbrio, racionalidade. Agora, ficarem as duas funções com um lado só é fazer uma CPMI auto-investigativa, é entregar ao governo a investigação de fatos que só comprometem o governo porque só há acusações ao atual governo”, afirmou o líder do Democratas no Senado, José Agripino (RN).Agripino disse que “em atenção ao início de gestão de Garibaldi” na presidência do Senado, o DEM participará de votações na tarde de hoje. Na prática, a obstrução começará amanhã. “A partir de amanhã, se não chegarmos a um entendimento, não contem com os democratas para a votação de nenhuma matéria”, declarou.Na próxima semana, chegam ao Senado medidas provisórias votadas na Câmara. O vice-líder do PSDB na Casa, Álvaro Dias (PR), disse que a partir daí, começara a obstrução de seu partido. “Medida provisória é responsabilidade do presidente. Não temos dever algum de votá-las. Enquanto o governo não admitir seriedade nas investigações possibilitando que a oposição participe do comando da CPI, teremos de obstruir”, ressaltou.O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), disse que a ameaça da oposição em obstruir a pauta da Casa criou uma resistência no PMDB e PT – partidos com maior representação na Casa e, regimentalmente, com direito à presidência e à relatoria da CPMI. “Ameaça, em política, às vezes funciona ao contrário. Hoje o PMDB e o PT estão muito mais resistentes a qualquer nível de acordo por conta das ameaças de obstrução do DEM e do PSDB”, avaliou.Casagrande, no entanto, não descartou a possibilidade de o governo ceder a presidência ou a relatoria à oposição. “Um acordo possível seria o governo ceder. O governo não disse hora nenhuma que não cederia”, disse.Para discutir o assunto e também a votação de matérias, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), convocou uma nova reunião de líderes para hoje (13). Os líderes estão, neste momento, reunidos na presidência da Casa.