Ministro da Seppir deve ter perfil articulador, defendem entidades do movimento negro

13/02/2008 - 13h21

Luana Lourenço*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Doze dias apóso desligamentoda ex-ministra Matilde Ribeiro, a Secretaria Especial de Políticasde Promoção da Igualdade Racial (Seppir) estásob a gestão interina do secretário-adjunto Martvs dasChagas. Representantes de movimentos sociais negros apontam possíveissubstitutos para ministra, mas avaliam que, mais que um nomeespecífico, a secretaria precisa de ampliação daestrutura e mais articulação com a sociedade.

O nome da cantora LeciBrandão foi apontado pelo fundador e conselheiro daorganização não-governamental (ONG) Educaçãoe Cidadania de Afro-Descendentes e Carentes (Educafro), frei David,como a “indicação da comunidade negra” parasubstituir a ex-ministra. No entanto, a indicação nãoé consensual, segundo representantes do Movimento NegroUnificado (MNU) e da União de Negros pela Igualdade (Unegro).

“O nome da Leci é um dosnomes apontados, mas não é um consenso. Temos váriosquadros dentro do movimento negro, dentro das váriasvertentes, dos vários segmentos”, afirmou Marta Almeidacoordenadora do MNU em Pernambuco. O secretário de Promoçãoda Igualdade da Bahia, Luiz Alberto Silva, e o secretário-executivodo Centro de Articulação de PopulaçõesMarginalizadas (Ceap), Ivanir dos Santos, foram apontados comosugestões por Almeida.

“Nós da Unegro nãotemos um nome específico a indicar, mas se fôssemosapresentar um seria o da Olívia Santana, atualmente vereadoraem Salvador”, apontou o integrante da executiva nacional da UnegroJulião Vieira.

Vieira afirmou que Leci Brandão“seria um bom nome”, mas, segundo ele, a lista de possíveisindicações é mais ampla, com “seis, oito oudez nomes” e está em discussão nos bastidores.

“Quem vier tem que ter um perfilde maior amplitude e interlocução com o movimento negrobrasileiro e o movimento social, com a academia [o setoracadêmico], com o movimento sindical”, avaliou Vieira.“Deve ter conhecimento da diversidade, poder atender anseios dosdemais segmentos raciais existentes no Brasil: judeus, ciganos,populações indígenas”, acrescentou MartaAlmeida.

A representante do MNU nãodescarta a indicação de um ministro branco para aSeppir. “Seria coerente, dependendo do perfil do indicado, éuma secretaria de promoção da igualdade racial, podeser um ministro judeu, indígena. Tem que ter o perfil:não-racista, não-homofóbico e com sensibilidadepara os movimentos sociais e para a questão racial”,pondera.

Já a fundadora da organizaçãonão-governamental (ONG) Geledés – Instituto da MulherNegra, Sueli Carneiro, defendeu que “não éresponsabilidade da comunidade negra” indicar nomes para a Seppir.“A secretaria é uma proposta do governo, que emerge doscompromissos assumidos pelo PT e sua base aliada com sua militânciapolítica; então, a definição desse nome éde responsabilidade e de competência do PT, da sua militânciae das forças políticas que estão na base aliadadesse governo. É esse segmento que tem que sugerir esse nome”,avaliou.

O colunista do jornal O GloboAncelmo Gois publicou hoje (13) que deputado federal Edson Santos(PT-RJ) assumiria o cargo de ministro da Seppir em substituiçãoa Matilde Ribeiro. Mas a assessoria do parlamentar informou àAgência Brasil que Santos não recebeu nenhumconvite oficial, razão pela qual se nega a comentar a possívelindicação. Na secretaria, a informação éde que os funcionários da pasta ainda aguardam uma sinalizaçãodo Palácio do Planalto, que até o início datarde também não confirmava a suposta escolha dopresidente Lula.