Ex-deputado diz que nunca ouviu falar em venda de votos no Congresso

13/02/2008 - 17h25

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ex-deputado federal pelo PL (atual PR) eex-bispo da Igreja Universal Carlos Rodrigues negou hoje (13) quesoubesse da existência de mensalão. Ele foi interrogadopelo juiz Erik Navarro Wolkart, da 7ª Vara Federal Criminal, noRio de Janeiro.Rodrigues é um dos 40 réus docaso, acusados de envolvimento em esquema de compra de votos em trocade apoio político. Para sustentar a inexistência de mensalão,Rodrigues argumentou que se tratava de uma “questãomatemática e de astúcia política”. Segundoele, os partidos da base vinham unidos desde o governo anterior e nãoprecisavam de pagamentos para votar pelas propostas governistas doPT: “Uma vez que a gente ganha o governo, nós iríamosali vender votação? Eu nunca ouvi falar nisso”.O ex-deputado também apontou, nointerrogatório, dificuldades na vida legislativa. “Serparlamentar é muito ruim, meritíssimo”, disse. “Muitoruim. Você sacrifica tudo o que tem. Entra ali de manhãe sai à noite, não vê o dia passar. Se ocupa odia inteiro. Sábado à noite, você às vezestem que ir a um casamento, abraçar 100 pessoas que nunca viuna sua vida. De repente, você está em casa, um eleitorseu morreu, tem que botar o terno e ir ao enterro. Nove horas danoite, você está com sua família, sua esposa querir ao cinema, tem que atender a um pedido político. Serparlamentar não é simples, embora a imprensa ache que éum paraíso. Não é”.Sobre os recebimentos de quantias para pagamentode gastos de campanha, o ex-bispo não especificou as despesas:“No curso do processo, o meu advogado vai demonstrar onde foiinvestida essa quantia, no pagamento da campanha eleitoral, com maisexatidão”.Rodrigues se negou a responder a questõesformuladas pelos representantes do Ministério Público,alegando que havia sido orientado neste sentido por seus advogados, enão quis usar os momentos finais da sessão para outrosargumentos em sua defesa.Amanhã (14) será interrogado oex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato.