Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O editor do sitewww.estradas.com.br e coordenador do SOS Estradas (Programa deRedução de Acidentes nas Estradas), Rodolfo Rizzotto,elogiou a participação da Polícia RodoviáriaFederal (PRF) na fiscalização do uso de bebidasalcoólicas nas estradas, mas disse que o ideal seria otrabalho da corporação restringir-se ao trânsitoe às contravenções de natureza policialocorridas nas rodovias. "A fórmula mais eficientede conter o uso de bebidas alcoólicas, especialmente pelosmotoristas, é restringir a propaganda, como foi feito comrelação aos cigarros", disse Rizzotto, ementrevista ao programa Revista Brasil, da RádioNacional AM. Ele chamou a atenção para ainexistência de campanhas educacionais nas escolas contra o usode bebidas, enquanto os meios de comunicação sãoinvadidos por propagandas de estimulam o consumo.Rizzotto disse que, nos últimos anos, a PolíciaRodoviária Federal tem sido sobrecarregada de atribuições,em prejuízo de seu principal papel, que é afiscalização das estradas. Nesse período, nãohouve,segundo ele, contrapartida equivalente no preenchimento decargos na corporação. "As recentes mudanças de postura dogoverno em relação aos acidentes de trânsito, compropostas de alterações da legislação,num primeiro momento, funcionam apenas como uma briga de gato e rato,que surte resultados, mas volta a se agravar depois. A questãoé educacional", destacou Rizzotto, reafirmando que "aproibição da propaganda pode ser a medida maisrelevante para coibir o consumo de bebida alcoólica".Para ele, a fiscalização sobre avenda de bebidas nas estradas é uma operaçãocomplexa, pois nas cidades situadas à margem de rodoviasexistem muitos estabelecimentos comerciais nessas condições."Temos até casos de bailes em clubes que ficam próximosdas rodovias que serão cancelados neste carnaval por causa daproibição das vendas de bebidas nessa área".Na opinião de Rizzotto, para a sociedade,punir é uma boa forma de educar, como se faz com os filhos, ounuma empresa com os empregados. Por isso, ele disse que apóiaproposta feita recentemente pelo ministro da Justiça, TarsoGenro, que pretende aumentar o percentual relativo às multaspor excesso de velocidade e criticou os que consideram demasiadoelevar o patamar das multas em até 64%. "Se for levado emconsideração o salário mínimo de 1997 emrelação ao de hoje, ele aumentou 150%", argumentouRizzotto. O coordenador do SOS Estradas entende que asmultas estariam, mesmo assim, defasadas com a elevaçãoproposta. Rizzotto apoiou, entretanto, a restriçãoproposta pelo ministro da Justiça para o trânsito demotocicletas entre dois veículos, prática que éfeita hoje até por motos de patrulha nas cidades. "Emnenhum país civilizado do mundo essas ultrapassagens sãopermitidas", disse ele.