Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As novas medidas incluídas no Estatuto do Desarmamento não devem causarmudanças práticas na segurança da população. Essa é a opinião do pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal deJuiz de Fora (UFJF) Expedito Bastos.“Eu não acredito que essasmedidas vão diminuir o índice de criminalidade no país, porque quemestá na ilegalidade vai continuar na ilegalidade”, afirmou ementrevista à Agência Brasil, se referindo a integrantes do crime organizado.A Medida Provisória (MP) 417, publicada hoje (1º) no Diário Oficial da União (DOU), entre outras determinações, ampliou o prazo para o recadastramento de armas já registradas e para o cadastramento de armas ilegais, diminuiu as tarifas para a legalização e tornou permanente a campanha para entrega voluntária de armas, com a possibilidade de indenização.Bastos acredita que mais do que medidas que proíbam os cidadãos de ter armas legais, ou os estimulem a entregar as armas que têm em casa, só serão efetivas para melhorar a segurança pública se forem acompanhadas de uma fiscalização mais eficiente, principalmente nas fronteiras, para evitar o contrabando.Ele lembra que boa parte das armas entregues à polícia na campanha de desarmamento realizada em 2004 e 2005 eram peças que não interessariam a bandidos. “Aquilo foi uma forma de o indivíduo ter as coisas em casa, ficar livre daquilo e receber um lucro em troca, porque só entregaram coisa vagabunda, nós não vimos entregar fuzil, pistola de última geração, nada disso”, afirmou.“Eu acho que tem que haver primeiro um cumprimento da lei, fazer a lei mais rígida, no sentido de punição, e realmente haver punição, além de ter uma forma de patrulhar as nossas fronteiras para evitar que o contrabando passe”, complementa. Ele explica que as armas que têm sido apreendidas ultimamente são de última geração, fabricadas no exterior e geralmente contrabandeadas dos exércitos de países vizinhos.