Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O número de armas recadastradas pela Polícia Federal (PF) em 2007 chegou a 116.362, mais que o dobro das 55.228 armas que tiveram seu registro renovado em 2003, ano da publicação do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826), e número seis vezes maior do que o contabilizado pela PF em 2004, primeiro ano em que foi realizada a campanha pelo desarmamento no Brasil.A quantidade também é maior do que a registrada em 2006, quando quase 87 mil armas foram recadastradas. Já em relação a armas novas, o número de registros caiu em 2007, alcançando 17.197 armas de fogo. Ainda assim, o número é maior do que em 2004. Naquele ano – quando foi realizado o plebiscito sobre proibição da comercialização de armas e munições – foram registradas 9,5 mil novas armas.Para o sociólogo e coordenador do Programa de Controle de Armas da organização não-governamental (ONG) Viva Rio, Antônio Rangel, o aumento no número de recadastramentos é positivo, mas não é suficiente.“Nós tínhamos 4 milhões de armas no mercado informal, isto é, pessoas que têm arma em casa e não são bandidos, e com a campanha de entrega voluntária de armas de 2004, 2005, foram recolhidos 10% dessas armas, portanto 469 mil armas saíram de circulação, mas nós temos ainda mais de 4 milhões em circulação, e nesse aspecto 116 mil [recadastradas em 2007] é pouco”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.Das armas antigas mas que estavam ilegais, por sua vez, pouco mais de 84 mil foram cadastradas. O número é o menor dos últimos dez anos. Em 2002, por exemplo, foram cadastradas mais de 1,75 milhão de armas. Em 2003 o número chegou a quase 882 mil.Para Rangel, o motivo para que mais armas não sejam recastradas está na campanha "que tem sido muito chapa branca, muito oficial, sem cheiro de povo”, opinou.O sociólogo disse que ONGs e igrejas se dispuseram, em reunião com o Ministério da Justiça, a participar da campanha, com o objetivo de estimular a população a legalizar sua arma. Além dessa participação, Rangel elogiou as mudanças no Estatuto do Desarmamento, determinadas pelo governo federal por meio da Medida Provisória (MP) 417, publicada hoje (1º). A MP prorroga o prazo, até 31 de dezembro deste ano, para o cadastramento e recadastramento de armas de fogo. Além disso, diminui as taxas pagas para o registro e o porte de armas, e regula os valores pagos a psicólogos e clubes de tiro, para o atestado de capacidade psicológica e aptidão técnica.