Ministra foi “bode expiatório”, diz coordenador do Movimento Brasil Afirmativo

01/02/2008 - 19h34

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aministra Matilde Ribeiro foi vítima da “tradiçãoracista” do Estado brasileiro e tratada como “bode expiatórioda farra dos cartões corporativos”, na avaliaçãodo coordenador do Movimento Brasil Afirmativo, Dojival Vieira.Depois de assumir erros no uso do cartão corporativo, aministra pediu hoje (1º) desligamento do cargo de ministra daSecretaria Especial de Políticas de Promoção daIgualdade Racial (Seppir). Com a saída dela, omovimento negro teme a extinção da secretaria, segundoVieira.“Aministra teve a cabeça entregue pelo governo para tentarevitar que uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito]vá a fundo na farra dos cartões corporativos. Estásendo utilizada como bode expiatório para esconder umacrise”, opinou.Naavaliação de Vieira, o tratamento em relaçãoaos gastos com cartão corporativo seria diferente no caso doenvolvimento de um ministro branco. “O chefe do mensalão, José Dirceu, por exemplo, só saiu quando foi cassadopelo Congresso. Já a Benedita da Silva, por irrisóriosR$ 4 mil que utilizou para ir a Buenos Aires participar de umculto evangélico, também foi execradae colocada no ostracismo político”, comparou.Vieirateme que o desligamento da ministra aponte para a extinçãoda Seppir. Apesar de criticar a gestão de Matilde Ribeiro àfrente da secretaria, que classificou como “excessivamentepaulistana e predominantemente petista”, afirmou que o órgãoé um importante espaço para atender demandas dos negrosno Brasil e não pode ser extinto.“ASeppir é uma reivindicação histórica dosmovimentos sociais negros. Apesar do desempenho pífio daministra, foi importante para dar visibilidade à temáticaétnico-racial brasileira. Não podemos abrir mãodesse espaço conquistado”, avaliou.