BC estabelece recolhimento compulsório para depósitos de empresas de leasing

01/02/2008 - 9h53

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depósitos deempresas de leasing em outras instituições financeirasterão recolhimento compulsório (obrigatório) aoBanco Central a partir de maio. A medida foi adotada porque aumentaram os recursos gerados pelas operações de leasing.“O contínuocrescimento dessas captações [dos depósitosdas empresas de leasing nos bancos] tornou essa fonte de recursosrelevante quando comparada aos passivos bancários sujeitos arecolhimento compulsório”, diz a nota. O depósitocompulsório é uma forma de atuação doBanco Central para garantir o poder de compra da moeda e reduzir osrecursos disponíveis na economia para empréstimo. O excesso de moeda pode gerar inflação.Segundo nota divulgadana noite de ontem (31) pelo Banco Central, o objetivo é dartratamento igualitário à captação derecursos dos bancos, uma vez que para os depósitos àvista e a prazo já há recolhimento obrigatório.“Com essa medida,essa fonte de recursos ficará sujeita à exigibilidadede recolhimento similar à aplicação aosdepósitos à prazo”, diz a nota. A medida vale parabancos comerciais, múltiplos, de desenvolvimento,investimento, de câmbio, caixas econômicas e sociedadesde crédito, financiamento e investimento.Essas instituiçõesdeverão recolher ao Banco Central em títulos públicosfederais até 25% dos depósitos captados das empresas deleasing. A aplicação desse recolhimento seráprogressiva.De acordo com o BC, ocompulsório sobre o saldo existente ontem terá alíquotade 0% em março, 5% maio, 10% em julho, 15% em setembro, 20% emnovembro e 25% em janeiro de 2009.De acordo com o BC, emdezembro de 2007, os depósitos à vista chegaram a R$130 bilhões, à prazo a R$ 298 bilhões, dePoupança, R$ 235 bilhões e os interfinanceiros desociedades de arrendamento mercantil (leasing) ficaram em R$160 bilhões.Para o economista e ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni, a decisão é uma ação preventiva. "Visa a desacelerar o ritmo decrédito principalmente para pessoas físicas, que vem[crescendo] numa taxa superior a 20% ao ano".Langoni explicou que o objetivo não édesaquecer a economia de forma exagerada, mas reconhecer que de fato há umrisco de a inflação apresentar desvio exagerado em relação à metaoficial  de 4,5% no ano. "O Banco Central está usado esse instrumento dereduzir a expansão do crédito em vez de, por exemplo, tomar umamedida muito mais drástica que seria a elevaçãoda taxa Selic [a taxa básica de juros da economia]", avaliou Langoni.Langoni acrescentou que o BC procurou atuar no "segmento mais forte da economia", que são as empresas. "O Banco Central mirou no leasing porque temvantagens fiscais (dedução do imposto de renda) para as empresas. É mais usado pelas empresasdo que pelas pessoas físicas".Segundo Langoni, de uma certa forma o BC procurouatuar no segmento mais forte da economia que é a demanda dasempresas e de uma certa forma está preservando o créditoque beneficia as pessoas físicas. "Mas como há umainterconexão, os bancos vão ter menos recursos paradisponibilizar de uma maneira geral", explicou.