Oposição diz que vai insistir em investigações sobre uso dos cartões corporativos

31/01/2008 - 19h05

Iolando Lourenço e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil
Brasília (Brasil) - Mesmo com as medidas anunciadas hoje (31) para disciplinar o uso dos cartões corporativos, o PSDB e o Democratas (DEM) vão insistir no aprofundamento das investigações dos gastos efetuados por autoridades do governo.O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) conversou hoje com o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), sobre a necessidade de se instalar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as denúncias de irregularidades nos gastos com esses cartões.Sampaio não convenceu Garibaldi sobre a necessidade da CPMI. O presidente do Senado acredita que a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) têm instrumentos necessários para apurar eventuais abusos.Em relação às medidas anunciadas pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e pelo ministro da CGU, Jorge Hage, Garibaldi qualificou-as de "oportunas". Mas ressaltou não saber se ela serão "suficientes". "Mas demonstram o interesse do governo de resolver o problemas dos abusos", acrescentou. Sobre a conversa com o deputado tucano, Garibaldi disse não ter convicção da necessidade de uma investigação pelo Congresso, por meio de uma CPMI. Apesar disso, ele não descarta a possibilidade de criação da comissão. "Apesar de saber que a CPMI, não havendo uma solução outra, pode ser um remédio, uma alternativa".Segundo o deputado, as medidas anunciadas pelo governo valerão a partir de agora, o que não "contamina" a eventual CPMI que investigaria gastos desde o início da criação do cartão corporativo, em 2002.Ele afirmou que já conversou com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que teria lhe garantido que encamparia a criação de uma Comissão parlamentar de Inquérito (CPI), no Senado, caso não se consiga as 171 assinaturas na Câmara dos Deputados para a CPMI.No Senado, um requerimento para instalação de CPI necessita de 27 assinaturas. A oposição - PSDB, DEM e o P-SOL - somam 28 votos. Na Casa, o PDT atua de forma independente da base governista, apesar de ter Carlos Lupi (PDT-RJ) a frente do Ministério do Trabalho e do Emprego. Os trabalhistas têm uma bancada de cinco senadores.O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), afirmou que as medidas anunciadas não "vão frear" investigações no Senado de supostos abusos nos gastos com cartões corporativos. "O governo só fecha a porta depois que ela foi escancarada". Agripino Maia não está convencido, no entanto, se a instalação de uma CPI seria o instrumento mais conveniente para as investigações.