Copom considera possibilidade de elevar juros se for mantida ameaça de inflação

31/01/2008 - 9h20

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Comitê dePolítica Monetária (Copom) considera a possibilidade de elevar a taxa básica de juros, a Selic, caso se confirmem os riscos de aumento da inflação. O comitê reiterou que a "atuação cautelosa e tempestiva" tem sidofundamental para cumprimento das metas. Segundo a ata da reunião realizada no último dia 23 e divulgada hoje (31), mesmo que ainflaçãoesteja em linha com a meta de 4,5% ao ano, as perspectivas “estãocercadaspor maior incerteza, e aumentou o risco de materializaçãode um cenário inflacionário menos benigno”. Nessa reunião, o comitê manteve a Selic em 11,25% ao ano."Mesmo considerando que, no momento, a manutenção da taxa básica de juros é a decisão mais adequada, o Comitê reitera que está pronto para adotar uma postura diferente, por meio do ajuste dos instrumentos de política monetária, caso venha a se consolidar um cenário de divergência entre a inflação projetada e a trajetória de metas", diz a ata. Segundo o Copom, “seelevou a probabilidade de que pressões inflacionáriasinicialmente localizadas venham apresentar riscos para a trajetóriade inflação doméstica”. Na avaliaçãodo comitê, o aumento da procura por bens e serviços e a possibilidade derestrições de oferta de alguns produtos podem provocar a transferência da alta dos preços no atacado para o consumidor. “O comitêentende que as perspectivas para esse repasse, bem como para ageneralização de pressões inicialmentelocalizadas sobre preços ao consumidor, dependem de formacrítica das expectativas para a inflação, quecontinuam sendo monitoradas com atenção particular”.No caso das turbulências no mercado internacional, o comitê avalia que a economia brasileira ainda não foi afetada. "A atividade econômica no Brasil não parece, até o momento, ter sido afetada de foram relevante pela persistente deterioração da confiança  nos mercado financeiros globais, e, ainda que não isolada dos desenvolvimentos econômicos externos, a economia brasileira tende a continuar sua trajetória de crescimento, que vem sendo sustentado essencialmente pela demanda doméstica". O comitê também avaliou que o preço do petróleo permanece em "patamares historicamente elevados" e os preços de outras commodities (produtos agrícolas e semi-industrializados), especialmente os grãos, mostraram elevação. Sobre o conjunto dos chamados preços administrados (gasolina, gás de cozinha, energia elétrica, remédios etc), o colegiado diminuiu a perspectiva de aumento para o ano: de 4,5% constante no relatório de inflação de dezembro, passou para  4,2%. Esse conjunto de preços, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,  representou 30,48% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro. Esse índice mede a inflação oficial do país e serve de parâmetro para as metas de inflação fixadas  pelo  governo.Na ata, o comitê informou que não há projeção de reajustes nos preços da gasolina e do gás de bujão, para o acumulado de 2008. As projeções  do colegiado para reajustes das tarifas de eletricidade e telefonia fixa neste ano ficaram em 3,4% e 3,5%, respectivamente.