Cientistas iniciam projeto de monitoramento atmosférico da floresta amazônica

30/01/2008 - 16h37

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Um projeto internacional, desenvolvido em parceria porcientistas brasileiros, norte-americanos, alemães e suecos, dá início, nesta semana, ao monitoramentoatmosférico da floresta amazônica. Está prevista a construção deduas bases na floresta, em áreas pertencentes ao Instituto Nacional dePesquisas da Amazônia (Inpa), uma das instituições envolvidas na ação.Aproximadamente 30 toneladas de equipamentos serão utilizados naconstrução de estações que irão mostrar como a região interfere nasmudanças climáticas globais e nos processos biológicos, químicos efísicos responsáveis pela emissão de gases que regulam o ciclohidrológico na Amazônia. As estações funcionarão, inicialmente, por umperíodo de dois anos.Segundo o pesquisador do Núcleo deModelagem Climática e Ambiental do Inpa, Teotônio Pauliqueves, as estações serão capazes de caracterizar, do ponto de vistafísico e químico, as partículas em suspensão na atmosfera, ou seja, apoeira e a fuligem geradas pelos carros e a fumaça de queimadas, porexemplo. Com isso, será possível entender as diferenças existentesentre uma região natural - sem influência de emissões de poluentes - euma região poluída, disse ele, em entrevista à Agência Brasil. "Hoje existe um grande esforço mundial no sentido de contabilizar oefeito dessas partículas nas mudanças climáticas futuras, porque elasinteragem com o clima por meio da luz solar e das nuvens, por exemplo.O clima da terra é todo interligado e, por isso, essa pesquisa seráimportante", afirmou Poliqueves, ressaltando que as partículas deaerossol também participam do balanço radiativo, da formação de nuvense da química atmosférica.A primeira base de monitoramento está instalada na EstaçãoExperimental de Silvicultura Tropical, no km 44 da BR-174, e a segunda,no sítio Experimental do Programa Experimento de Grande Escala daBiosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), no km 50 da BR-174, ambos doInpa. Os equipamentos pertencem às instituições parceiras e entraram noBrasil por um processo de importação temporária que permite autilização conjunta pelos cientistas envolvidos. "Todos os dadoscoletados na floresta serão compartilhados por todos oscientistas. Eles poderão usar os dados que vamos medir, assim como vamosusar os dados experimentais de nossos parceiros também. Cada um com seufoco principal, com sua pergunta científica", informou.Perguntado sobre a segurança no compartilhamento dasinformações, Poliqueves disse que não há motivo para preocupação, porque não haverá dados estratégicos. Além disso, por serem coletados comdinheiro público, os dados também serão públicos. "Não há por quetemer isso. Não é o tipo de coisa que tem influência direta nodesenvolvimento do país. Isso é estratégico para entendermos o clima ea influência da Amazônia no clima mundial, que não é pequena. Conhecera floresta amazônica, nesse modo de ciência básica, não tem problemanenhum", destacou. Também participam doexperimento o Instituto Nacional de PesquisasEspaciais (Inpe) e a Universidade de São Paulo (USP). Terminadas as atividades de monitoramento, serão realizadas reuniões científicas e conferências para discussão, consolidação e organização dosdados coletados. "Esse é um trabalho coletivo, que começa depois que o experimentoacaba. Não basta gerar o dado, tem que analisar, refletir, pensar sobreo tipo de medida que se fez e cruzar esses dados", concluiu Poliqueves.