Líder arrozeiro diz que grupo não deixa Raposa Serra do Sol

29/01/2008 - 18h53

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Não hápossibilidade de grandes produtores agrícolas entrarem emacordo com o governo federal para deixar a Terra IndígenaRaposa Serra do Sol, área de 1,7 milhão de hectares emRoraima. A afirmação foi feita hoje (29) pelopresidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima,Paulo César Quartiero. Em entrevista à AgênciaBrasil, ele disse não acreditar na realizaçãode uma operação para retirar os produtores àforça.“Isso já éum assunto superado porque não tem condição deser efetivada uma operação dessa. A populaçãode Roraima não aceita o intervencionismo do governo federalcom medidas antidemocráticas e ditatoriais”, disseQuartiero.A homologaçãoda terra indígena, em abril de 2005, é definida peloarrozeiro como “medida fraudulenta”. Ele ressalta que aatividade agrícola gera R$ 130 milhões defaturamento bruto por ano e fortalece a economia do estado.Quartiero desqualificouas declarações do coordenadorexecutivo do Comitê Gestor do governo federal em Roraima, José Nagib Lima, para quem a retirada dos arrozeiros da RaposaSerra do Sol é prioridade. “Parece até que nãotem governo estadual nem representante eleito aqui”, criticou oarrozeiro. “O senhor Nagib só vai para a imprensa mentir àpopulação e acredito que faça o mesmo aopresidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva], passando uma imagem diferente da realidade queacontece em Roraima.”Os reassentamentospropostos pelo governo federal aos arrozeiros são, segundoQuartiero, “campos de extermínio da população”.O produtor também enxerga a influência de interessesestrangeiros nos argumentos de ambientalistas e índios quecobram a retirada dos produtores da Raposa Serra do Sol. Para ele, a classe produtora é vítima de perseguição. "Já nos chamam de grileiros, de devastadores e é tudoisso mentira. Daqui a pouco vão dizer que usamos trabalhoescravo ou que estupramos não sei quem.”Quartiero também negouque todos os seus bens tenham sido bloqueados pela Justiça emrazão de irregularidades que teria cometido na prefeitura de Pacaraima (RR), de onde saiu cassado por compra de votos. Admitiu apenaso bloqueio de R$ 21 mil, contra o que já recorreu. Quartiero ironizou as acusações de corrupção.“Me acusam de ter roubado travesseiro, colchão, mesa ecadeira. Graças a Deus a prefeitura não tinhagalinheiro, porque senão iam dizer que roubei as galinhas.”O líder arrozeiro reiterou não abrir mão da permanênciana terra indígena. “Nós representamos a resistênciade Roraima e a defesa do território nacional na Amazônia.”