Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Se o governo federalnão realizar, até o fim do mês de março, umaoperação para retirar os produtores de arroz da terraindígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, os índios daregião estão prontos para expulsar os fazendeiros desuas terras. Foi o que garantiu hoje (29) à AgênciaBrasil o coordenador geral doConselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José deSouza. “Já estamoscansados de sofrer violência, ameaça e abuso dentro danossa própria casa. Isso a gente não aceita mais.Esperamos só até março, e se nãoocorrer [a operação de desintrusão], vamos ter que fazer o trabalho que o governo prometeu”, afirmou Souza. Segundo o líderindígena, a resistência de rizicultores e fazendeirosem deixar a Raposa Serra do Sol é um desrespeito àdecisão do governo brasileiro e aos povos indígenas.Cerca de 18 mil índios das etnias Ingaricó, Macuxi,Patamona, Taurepang e Wapixana ocupam a área. “Os brancosdizem que somos invasores, mas ninguém invade sua própriaterra”, disse Souza. O coordenador do CIRinformou que se encontrou recentemente com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e dogoverno federal em Roraima, quando lhe foi dito que a operaçãode desintrusão está prevista e vai sair. Entretanto, acrescentou Souza, a data da medida não foi informada. Dionito de Souza confirmou que oCIR formalizou reclamação na Organização das NaçõesUnidas (ONU) sobre a demora do governobrasileiro em cumprir a promessa de retirar os arrozeiros da RaposaSerra do Sol: “Fizemos isso para que saibam que estãobrincando com a lei no Brasil.” De acordo com Souza, a produçãode alimentos para a população de Roraima nãoseria prejudicada com a mudança de local dos arrozeiros. “Eles [os arrozeiros] estão perdendo tempo.Já deveriam ter ido para onde o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] quer reassentá-los,em áreas até maiores do que as de hoje.”