Fábrica busca melhorar renda de produtores de castanha-de-caju no Pará

29/01/2008 - 9h30

Leandro Martins
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - "Por que sermos osmaiores produtores de castanha-de-caju do Pará e termos que vender a nossa produção por 50 centavos o quilo?"A pergunta do agricultor Marcos Oliveira, do município deIpixuna, no nordeste do estado, é repetida poroutros agricultores de 2,2 mil famílias, de 15 assentamentosda região, que produzem a castanha in natura e a vendempara indústrias de beneficiamento. Uma fábrica, cuja construção começou ontem (28), pode mudar a situação.A fábricapara beneficiamento decastanha, principal produto da região, está sendo construída em Ipixuna, e a previsãoé que atenda, além dos agricultores do município, os vizinhos de Paragominas e Aurora do Pará. As obras devem terminar em maio. O projeto resulta de uma parceria entre o Instituto Nacional de Colonizaçãoe Reforma Agrária (Incra) e a Empresa de AssistênciaTécnica e Extensão Rural (Emater). Hoje, o produtor – quetrabalha a terra, cultiva, colhe e retira a castanha – recebe, muitas vezes, oequivalente a 2% do preço final. Os mercados vendem o produto ao consumidor por até R$ 25 o quilo. Ocoordenador do núcleo técnico da Emater, JoséSinval Vilhena Paiva, explica que a região produz 70% dacastanha-de-caju do estado. Ele diz que metade desse caju vai aoCeará para ser beneficiado, e depois retorna aos mercadosparaenses. Com a agroindústria, comenta, o lucro serádividido entres os assentados. "A linha de produçãoda castanha-de-caju terá a capacidade de processar mil quilospor dia, que vão gerar 22 toneladas de castanha por mês",explicou.Outra fonte de renda será a produçãode suco de caju e de farinha de polpa da fruta. Os dois produtos játêm destino previsto: a prefeitura de Ipixuna se comprometeu emcomprar a polpa e a farinha para utilização na merendadas escolas públicas do município. A verba paraa construção da fábrica vem do projeto TerraSol, do Incra, criado em 2004 pelo governo federal.