Feijão puxou alta no preço na cesta básica em 2007, diz economista do Dieese

07/01/2008 - 17h56

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O aumento na cesta básica em 2007 foi puxado essencialmente por cinco produtos: o feijão, a carne, o leite, o café e o óleo de soja, cujos preços subiram nas 16 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).Segundo o economista José Maurício Soares, responsável pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica, divulgada hoje (7), o feijão "teve uma alta fortíssima, de mais 200% em algumas capitais". O levantamento aponta que as maiores altas do feijão foram registradas em Natal (222,84%), Fortaleza (214,25%) e Goiânia (199,04%).O clima, que influenciou a colheita entre os meses de julho e agosto, foi o maior responsável pelo aumento do feijão, explicou Soares. “A terceira safra do ano passado foi praticamente perdida com a seca bastante forte, de maio até o final de outubro”, acrescentou. O economista previu que a partir de março, quando haverá nova colheita, o preço do feijão poderá cair.Já para Mariano César Marques, da Gerência de Alimentos Básicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o feijão não pode ser considerado o “vilão” do aumento no preço das cestas. E não há necessidade de preocupação com um possível desabastecimento, porque "é muito fácil substituir o feijão por outros produtos".Ele explicou que “de modo geral, o feijão teve preço bem baixo pelo menos até 2004, o que desestimulou muitos produtores". A reação no preço, segundo o gerente, "necessariamente não quer dizer que vá haver uma reação no plantio também, mas como o feijão tem três safras, a próxima já pode ser a da reação no plantio".Os maiores recuos de preços foram os do tomate – queda de 34,42% em Salvador – e do açúcar, que registrou -18,49% em Fortaleza. “A queda nas diversas capitais quer dizer que o mercado já estava abastecido”, afirmou Marques, que disse não ver problemas de desabastecimento a curto ou médio prazo em 2008.