Hugo Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Afalta de políticas públicas para atender interesses dos povos indígenas e as disputasterritoriais são as principais causas do aumento do númerode índios assassinados no Brasil, assegura o vice-presidentedo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Roberto Liebgott.De acordo com dadosda instituição, 76 indígenasforam mortos no ano passado.“Os atos de violência têm se acirrado de uma maneiraexorbitante nos últimos tempos. Nesse último ano éuma coisa que nos abala profundamente. A gente percebe que na verdadeexiste uma negligência do Estado nesse sentido. O Estadodeveria dar mais atenção à questão indígena”,avaliou em entrevista à Agência Brasil.
Ovice-presidente do Cimi diz estar apreensivo com o crescimento daviolência contra a população indígena eaponta falhas do governo que, segundo ele, não atendereivindicações das populações.
“Oque nos preocupa é o fato de o governo não terestruturado uma política indigenista no país de acordocom as necessidades e os anseios das populações indígenas.Nesse sentido, tem se intensificado a pressão sobre as áreasindígenas e conseqüentemente os conflitos que levam aassassinatos de inúmeras lideranças e de outras pessoasnas comunidades.”
Liebgott comentou a situação de Mato Grosso doSul que registrou aproximadamente 60% dos índiosassassinados no país. O número é seis vezesmaior do que o de Pernambuco, segundo colocado no índice demortes.
“Naquela região existe uma situação deconfinamento de população indígena em pequenasreservas. São milhares de pessoas praticamente confinadas emáreas diminutas, o que leva a inúmeros conflitosnaquela região.”
"Ali seria necessária a intervençãoimediata do Estado brasileiro na perspectiva de aliviar a populaçãodessas áreas por meio de demarcações de terras”, completou.
Desentendimentos por questões territoriais também sãoresponsáveis pelos conflitos violentos nos demais estados, deacordo com os levantamentos do Cimi. “Em outras regiões os conflitos também sãoiminentemente em função da terra. Há muitosinvasores sobre territórios indígenas quequerem usufruir dos recursos naturais existentes nas áreasindígenas. Os povos indígenas fazem pressãocontra as invasões e aí há automaticamenteconflito e assassinato de pessoas”, explicou o vice-presidente doconselho.