Aumento do investimento melhora renda familiar no Nordeste, avalia pesquisador

06/01/2008 - 14h13

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A região Nordeste foi a que apresentou o maior crescimentoda renda média familiar entre os anos de 2005 e 2006 no país, atingindo 12%, deacordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A renda familiar médiana região , que envolve salários e transferência de recursos de governo, subiude R$ 676,64 reais para R$ 761,16. Já a renda disponível, referente aos valoresque ficam efetivamente no bolso dos consumidores, teria  aumentado38% na mesma comparação.Na avaliação do economista Luis Henrique Romanide Campos, da Fundação  Joaquim Nabuco, vinculada ao Ministério daEducação,  a elevação da renda familiar média no Nordeste brasileiro foi influenciada pela ampliação do investimento em vários pontos da região.Segundo o pesquisador, houve um crescimento industrial importante no Nordestedo país nos últimos dois anos. “E a tendência é de aumento desse movimento”. Romani de Campos disse que o  ProdutoInterno Bruto (PIB) do Nordeste, que é a soma das riquezas produzidas naregião, deve situar-se entre 5,5% a 6% por ano nos próximos anos, acima damédia nacional, prevista entre 4,5% a 5% ao ano. “A tendência é que o Nordestecresça mais que o Brasil”, apostou o economista. O economista defendeu que esse desempenhoestá fortemente atrelado ao aumento real do salário mínimo. Segundo ele,especialmente para os trabalhadores rurais que recebem aposentadoria, essa éuma grande fonte de renda no sertão e na zona da mata, resultando em grandemovimentação na economia local. “Quando há um aumento real do salário mínimo,há aumento real do rendimento de uma classe da população menos favorecida e queacaba consumindo muito. Isso gera efeitos multiplicadores na economia como umtodo”, explicou.Romani defende ainda que o crescimento do PIBnacional influencia o desempenho do Nordeste “em níveis chineses”. “Issoinfluencia porque alguns trabalhadores mais qualificados já estão faltando nomercado de trabalho. A parte de engenheiros civis, por exemplo, já está comsalários bem aumentados nos últimos anos, por conta do aquecimento daconstrução civil”. Além da construção civil, Romani de Campos destacou que osetor metal-mecânico também tem muito espaço para crescer nos próximosanos.Pesquisa do Instituto Cetelem-Ipsos revela que asexportações nordestinas exerceram um papel decisivo no desempenho da região noperíodo de 2000 a 2005. A taxa de crescimento das exportações nos últimos cincoanos teria atingido 19,6%, superando a média nacional de 17%, alcançando 31,4%nos últimos dois anos. Luis Henrique Romani de Campos explicou, contudo, que asexportações do Nordeste não devem disparar muito, devido à desvalorização dodólar frente ao real.“Então, eu acho  que há mais um crescimento em termosde atendimento à demanda local. É um crescimento mais endógeno do que parafora. No curto prazo, exportação não é a principal fonte de crescimento daeconomia nordestina”, defende. Ele avalia, entretanto, que os investimentosacabarão criando  capacidade de aumentar as exportações à médio prazo.