Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os avançossociais decorrentes dos investimentos de cerca de R$ 4 bilhõesnos Jogos Pan-Americanos foram pequenos, na avaliação do economistado Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul BrunoLopes, integrante do Comitê Social do Pan.Para ele, muitas açõesprometidas, que representariam um legado na qualidade de vida dacidade, acabaram não se realizando. Ele cita como exemplo asáreas ambiental e de transportes. “O legado foi muitopequeno e a população não ganhou nada. Nãohouve avanços na despoluição da Baía deGuanabara nem na lagoa Rodrigo de Freitas e de Jacarepaguá.Na área dos transportes, nada saiu do papel, como o metrôaté a Barra [da Tijuca] ou o Transpan [sistema sobre trilhos ligando aBarra ao Aeroporto Internacional Tom Jobim]”.Sobre os estádiose ginásios construídos para as competições,Lopes afirma que a população não estátendo acesso por meio de projetos sociais ligados ao esporte,conforme havia sido prometido.“O Engenhão [EstádioJoão Havelange] foi privatizado para o Botafogo, que estáexplorando o espaço por 30 anos, com um aluguel baixíssimo.O Parque Aquático Maria Lenk está praticamenteabandonado, com poucas competições realizadas, mesmasituação em que se encontra o velódromo [pistade ciclismo]", disse o economista. "A Arena Multiuso recebeu um show de músicae o campeonato de judô, mas muito aquém do desejado. Sãoestruturas de primeiro mundo mas que, sem competições,acabam sendo apenas elefantes brancos”.Ele chama aatenção para a necessidade de haver retorno social dasinstalações. “É bom lembrar que foi dinheiropúblico investido nessas obras e que os benefíciosdevem retornar para a população”. Segundo ele, ogasto ultrapassou todas as expectativas. “Foi um gasto fenomenal,que não aconteceu em nenhum outro Pan-Americano. Passou de R$400 milhões para R$ 4 bilhões. Só o Engenhão, que tinha um orçamento inicial de R$ 60 milhões,foi inaugurado com R$ 404 milhões. Foram 20 aditivos[mudanças, com elevação de custos] aoprojeto”.