Paula Renata
Da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Os trêsfuncionários da Fundação Nacional do Índio(Funai) que participaram de uma operação conjunta com oInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis (Ibama) e Polícia Federal para coibir aretirada ilegal de madeira da terra indígena do Alto RioGuamá, no Pará, denunciaram que estão sendoameaçados por indígenas da tribo Tembé.Os servidores FranciscoPotiguara Tomaz Filho, Paulo Sérgio Brabo e Heleno Coutoregistraram queixa nesta quinta-feira (28) na Policia Civil no estado doPará, e também vão registrar queixa na PolíciaFederal. De acordo com ocoordenador do Conselho Indigenista Missionário do Paráe Amapá (Cimi), Claudemir Teodoro Monteiro, a operaçãona reserva do Alto Rio Guamá foi motivada por denúnciada própria comunidade, de que alguns membros da etnia Tembéestariam vendendo madeira ilegalmente"Os índiosse reuniram com a procuradoria [geral do estado do Pará]e pediram que investigassem os cabeças dessas açõesda venda de madeira. Nessa investigação constataram apresença de lideranças indígenas, que permitiama venda de madeira. Uma vez o Estado ausente, os madeireiros tomamconta dos índios", disse. Claudemir denunciou que50% da terra indígena já foi destruída e que asáreas desmatadas estão sendo utilizadas pelosmadeireiros para plantar maconha.De acordo com oservidor Francisco Potiguara, os Tembé envolvidos com osmadeireiros foram induzidos a prejudicar a operação."Uma parte dosíndios foi orientada, aliciada pelos madeireiros que estãotendo lucro com o tráfico ilegal [de madeira]. Osíndios estão sendo armados pelos madeireiros e foraminduzidos a tentar barrar nossa ação Em determinadomomento houve um certo confronto, então eles responsabilizarama nós, funcionários da Funai, por tudo que viesse aacontecer e começaram afazer uma sériede bravatas dizendo que vão pegar a agente levar para a áreae matar", afirmou o servidor ameaçado. O administrador daFunai em Belém, Juscelino Bessa, reconhece as denúnciasdo coordenador do Cimi, mas disse que o órgão estácom dificuldade para desenvolver projetos de geração derenda no Alto Rio Guamápor causa da influência dos madeireiros."Nenhum projeto,ou qualquer projeto que você desenvolva ali, tem a mínimacondição de ir para frente em funçãodessa existência da madeira como atrativo ser muito mais fácil.Os índios se sentem mais atraídos pela facilidade damadeira, o ganho fácil da madeira", disse. A terra indígenado Alto Rio Guamá está localizada no estado do Parána divisa com o Maranhão e tem uma área deaproximadamente 280 mil hectares.