Para economista, eliminação do dólar no comércio Brasil e Argentina não beneficiará consumidor

26/12/2007 - 12h35

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A partir de 2008, Brasil e Argentina deverão eliminaro dólar das trocas bilaterais e passarão a usar as moedas locais, oreal e o peso. Para o economista e professor da Universidade de BuenosAires, Aldo Ferrer, a desdolarização poderá significar redução doscustos com operações comerciais e estímulo aos negócios. Entretanto, ele não prevêqueda de preços para o consumidor. Em entrevista à Agência Brasil, Ferrer afirmou queos consumidores argentinos e brasileiros não pagarão menos pelosprodutos. Ele exemplificou que algumas mercadorias comercializadasseguem preços do mercado internacional e, nesse caso, a desdolarizaçãodo comércio bilateral não interferirá nesses valores. “As commodities (produtos agrícolas e minerais), porexemplo, têm preços internacionais. A vantagem da integração não éporque lidamos com preços distintos dos internacionais, é porque temosvantagem de acesso ao mercado, menos impostos de importação eexportação. Estamos perto um do outro”, disse.Apesar de a medida ser um passo para fortalecer asrelações bilaterais, Ferrer ponderou que o aumento do comércio entreBrasil e Argentina depende do crescimento das duas economias einvestimentos nas empresas nacionais. “O tema da moeda é importante, mas não podemosexagerar. O intercâmbio entre os dois países se produz pelas relaçõescomerciais, pelas oportunidades de investimentos e a moeda é umelemento complementar”, ressalvou. “Se não há crescimento no Brasil, se o Brasil crescepouco ou se o mesmo acontece na Argentina, o intercâmbio ficalimitado”, complementou. A Argentina é o segundo parceiro comercial do Brasil,atrás apenas dos Estados Unidos. De janeiro a outubro deste ano, asexportações brasileiras para o mercado argentino somaram US$ 11,81bilhões, 21,89% a mais em comparação ao mesmo período de 2006. Já asexportações argentinas para o Brasil tiveram alta de 26,69% no período,totalizando US$ 8,28 bilhões.