Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Apesar da informalidade, o mercado imobiliário nas favelas e comunidades carentes pode alcançar preços que não deixam a dever aos das moradias formais.No Complexo do Turano, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, uma casa é vendida atualmente por até R$ 60 mil.“Aqui há proprietários que pedem R$ 50 mil e R$ 60 mil por uma casa na comunidade”, salienta o presidente da Associação de Moradores do Turano, Gilson Rodrigues. Para ele, o valor dos imóveis não está fora do mercado. “São casas grandes, bem construídas e mantidas”, justifica.Segundo Rodrigues, o Complexo do Turano, que abriga 40 mil pessoas, tem hoje cerca de 15 mil imóveis. Ele, no entanto, alega que as propriedades não costumam ficar nas mãos da mesma família. “As pessoas crescem, formam ou fazem concursos públicos e saem para morar em outros endereços, fora da comunidade”, alega.Na comunidade, o sistema de compra e venda de imóveis, diz Rodrigues, concentra a maior parte do mercado. Nessa comercialização, porém, o predomínio não está na mão dos cariocas, mas sim, de nordestinos. “Nossa cidade hoje não é mais uma cidade carioca. É uma cidade nordestina”, avalia.Segundo Rodrigues, a compra de imóveis prevalece sobre os aluguéis porque os profissionais, a maioria funcionários de condomínios da região, dormem nos locais de trabalho e poupam dinheiro para a aquisição de casas ou barracos nas comunidades mais próximas. “Eles vão ao morro e compram uma casa. Eles têm facilidade para esse tipo de compra porque não gastam muito”, explica.O mercado imobiliário varia conforme a comunidade. Na Vila do João, em Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, os aluguéis predominam. Segundo o presidente da Associação de Moradores, Marco Antonio Gomes, a maioria dos imóveis destinados à locação é de tamanho pequeno. “São muitas quitinetes”, afirma;De acordo com Gomes, os aluguéis na Vila do João, oscilam entre R$ 100 e R$ 300. O conjunto habitacional foi erguido pelo Projeto Rio, do governo federal, na década de 80, com 2,6 mil domicílios para abrigar os moradores de antigas palafitas da Baixa do Sapateiro.Atualmente, a comunidade, que integra o Complexo do Alemão, conta com cerca de 60 mil habitantes. O nome Vila do João foi uma homenagem ao então presidente da República, general João Baptista Figueiredo.A Vila do João é exemplo da ascensão dos aluguéis no mercado imobiliário informal do Rio de Janeiro. Segundo pesquisa de oito universidades brasileiras coordenadas pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2003, o mercado de aluguéis nas favelas cariocas atingia 15% do total. Em 2006, esse percentual subiu para 27%, mas prevaleciam a compra e venda de imóveis.