Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Senado,Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), disse hoje (20) que pretendepromover uma série de mudanças no ano que vem paramelhorar a imagem da instituição. Ele reconheceu queeste ano o Senado viveu uma crise sem precedentes. "Já nofinal dos trabalhos nós sentimos que o Senado poderáter em 2008 um ano diferente. Vamos promover mudanças para queo Senado melhore seu desempenho. Vamos rediscutir a questãodas medidas provisórias, o Regimento Interno e decidirsoluções sobre os vetos presidenciais que não são apreciados",afirmou o presidente ao fazer um balanço do desempenho da Casaeste ano.O senador disse queserá preciso contar com o apoio das lideranças parapromover as mudanças na instituição. De acordocom o senador, não se trata apenas de elaborar as medidas,será necessário um amplo acordo político, porquesão medidas que dizem respeito ao funcionamento do Senado e aodesempenho de cada parlamentar. "Acho que ou semuda o Senado ou o Senado não terá diante da sociedadeum prestigio que já alcançou ao longo de quase 200anos". Com relaçãoà tramitação das medidas provisórias,Garibaldi Alves Filho reconheceu que a constituição decomissões especiais do Congresso destinadas à analisepreliminar das MPs será um passo importante para agilizar atramitação das matérias. "Essas comissõespoderiam examinar desde logo as MPs e evitar que no plenáriose fizesse o desfecho que muitas vezes não é ideal",defendeu.O presidente do Senadoprevê que a análise da reforma tributária em 2008será uma tarefa difícil, embora todos concordem com suanecessidade."Todos entendemque a reforma tributária precisa ser votada, mas na hora devotar ele [entendimento] desaparece. Governadores discordamentre si porque há estados produtores e compradores. Éuma matéria complexa. Ela é uma necessidade, mas vejomuita dificuldade na sua votação", afirmou.O senador apresentouuma pesquisa feita pelo Instituto DataSenado, em que foram ouvidas784 pessoas nas capitais nos dias 19 e 20 de dezembro. A pesquisarevelou que 78% dos brasileiros concordam com o fim da ContribuiçãoProvisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).Apenas 18 % discordaram da decisão do Senado. Garibaldi disse que sepudesse teria votado a favor da prorrogação da CPMF,mas lembrou que a posição da populaçãoera esperada porque ninguém paga imposto contente.Outros dados dapesquisa mostram que 51% dos brasileiros defendem o corte nos gastospúblicos e 43 % propõem uma melhor divisão derecursos. A pesquisa tambémaponta que 95% dos brasileiros acham que o Brasil tem muito imposto e70% acham que o governo não usa bem os impostos. Dos entrevistados, 52%concordam que a rejeição da CPMF melhora a imagem doSenado e 42 % discordam.Garibaldi Alvesdescartou a possibilidade de aumentar os salários dosparlamentares, passando dos cerca de R$ 16,5 mil para R$ 24.500(vencimentos dos ministros do STF)."Eu nãorecebi nenhum pedido de aumento de salário e não soufavorável. Qualquer aumento só pode ser dado quando semerece. Aumento só se merece quando se está trabalhandobem. Você acha que o Senado está vivendo uma hora dossenadores pedirem aumento? Eu acho que não".Ao falar sobre arejeição da CPMF pelo Senado, Garibaldi Alves Filhodisse que a derrota foi provocada tanto por falhas na articulaçãopolítica do governo quanto por falha no diálogo com ossenadores. "Eu acho que dojeito que as coisas foram conduzidas foi uma derrota anunciada. Opresidente Lula tentou intervir tarde demais, mas agora Inês émorta", disse. "Numa decisãoimportante como aquela, os senadores não podiam sersurpreendidos com uma carta do presidente Lula de madrugada. Sóhouve vitória na votação da DRU porque houveacordo".