Governador de Roraima lutaria pela CPMF se recebesse terras, diz secretário

11/12/2007 - 18h28

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário dePlanejamento de Roraima, Haroldo Amoras, disse que o governadorOttomar Pinto teria encontro hoje (11) com o presidente Luiz InácioLula da Silva e ofereceria apoio para aprovação daContribuição Provisória sobre MovimentaçãoFinanceira (CPMF) em troca da transferência de terras da Uniãopara programas de desenvolvimento agrário.Segundo o secretário,Ottomar – que morreu hoje de parada cardiorrespiratória –sairia em busca de votos a favor da prorrogação doimposto junto a senadores se obtivesse sinalizaçãopositiva do presidente sobre as terras. O governador era do PSDB,partido que se opõe à CPMF e cuja bancada tem 13senadores. Mas sua missão principal, de acordo com Amoras,seria obter o voto de Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).Mozarildo éconsiderado voto certo contra a CPMF. Por causa das dificuldades naprorrogação do imposto, ele foiafastado um mês atrás da vaga de titular na Comissãode Constituição e Justiça (CCJ) pela líderdo bloco governista no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC). Dez diasdepois, o PTBsaiu do bloco de apoio ao governo.“Esse era o jogo”,declarou o secretário à Agência Brasil.Depois de ter uma conversa prévia com o senador, o governadortentaria “demovê-lo” da posição contráriaà CPMF.Mas Mozarildo negou queOttomar Pinto tenha falado disso com ele e disse que seu voto “nãoé moeda de troca”. Indagado pela Agência Brasilse mudaria seu voto caso o presidente Lula aprovasse a transferênciade terras, respondeu: “Seria uma chantagem comigo”.O senador deu essadeclaração há pouco no Instituto do Coração,em Brasília, onde Ottomar morreu no começo da tarde.Segundo ele, a luta para resolver o problema das terras éantiga, vem desde o governo anterior.Haroldo Amoras contouque Ottomar Pinto esteve em Brasília desde sábado.“Conversou com diversos senadores nossos encaminhando [aaprovação da CPMF] e havia previsão de terum encontro com o presidente hoje. Isso já estava agendado”.A secretaria deImprensa do Palácio do Planalto informa que não haviaaudiência marcada com o governador.O secretário dePlanejamento disse que o governo de Roraima fez o pedido de terras emmarço, mas ainda não foi atendido por causa de“entraves burocráticos”. Entre 17 mil e 18 mil colonosseriam beneficiados num primeiro momento, segundo ele. Na semanapassada, Lula esteve no Amapá e transferiuterras da União para o estado.“Ele [Ottomar],pessoalmente, não era favorável [à CPMF],mas considerava que a questão do interesse do estado no casoda transferência de terra era um benefício muito maiorpara o povo do que o eventual custo da CPMF”, declarou Amoras.O secretáriodisse, no entanto, que nenhum acordo havia sido fechado. “Estávamosem processo de negociação”.