Carolina Pimentel
Enviada especial
Buernos Aires (Argentina) - A criação de um ambiente estável para atrair investimentos estrangeiros é um dos desafios da nova presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que tomou posse ontem (10). A afirmação é do economista Manuel Solanet, da consultoria Infupa. Segundo o economista, Kirchner precisa melhorar o funcionamento das instituições públicas, eliminar a corrupção e respeitar o direito à propriedade. "Precisa atacar as causas sem, para isso, aumentar impostos", argumentou, acrescentando que a nova presidente não terá uma tarefa fácil. Já o professor Aldo Ferrer, da Universidade de Buenos Aires, entende que a prioridade do governo tem de ser as empresas nacionais, que precisam de condições para terem capacidade de investimento, como manter a política cambial que dácompetitividade aos produtos argentinos. Ferrer lembra que, na época em que um peso argentino valia um dólar, os produtos nacionais perderam espaço para os importados, mais baratos, e a taxa de desemprego chegou a 23%, em 2002. "Isso [paridade entre o peso e o dólar] provocou um desastre na indústria argentina e um aumento espetacular do desemprego", disse o professor à Agência Brasil. "Temos que acabar com essa fantasia de que investimento é só estrangeiro", completou.De acordo com a agência de notícias argentinas Telam, pesquisa realizada por uma instituição privada revelou que 62% das empresas do país têm projeções de investimento nos próximos anos para aumentar a capacidade de produção instalada. Em entrevista por telefone à Agência Brasil, o economista Manuel Solanet falou ainda sobre a necessidade de combater a inflação, uma das preocupações dos argentinos. Estimativas de consultorias privadas indicam que a inflação está em torno de 15% ao ano. Já os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), equivalente ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam menos de 10%. Durante a campanha eleitoral, Cristina Kirchner garantiu que o país não passa por um período hiperinflacionário e defendeu a metodologia adotada pelo Indec, segundo informações da Telam, a agência de notícias oficial da Argentina.