Brasil pode flexibilizar proposta de redução de desmatamento, admite embaixador

10/12/2007 - 15h54

Luana Lourenço
Enviada especial
Bali (Indonésia) - O Brasil saiu satisfeito de um almoço com representantes de países em desenvolvimento para costurar um acordo para criar uma coalizão de nações que estimule a redução do desmatamento. Apesar de não ter chegado a resultados efetivos ou mesmo definir se a articulação existirá, o embaixador extraordinário sobre Mudança do Clima e porta-voz da delegação brasileira na 13º Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), Sérgio Serra, classificou o encontro como "positivo".A iniciativa da coalizão foi anunciada ontem (9) pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Serra também afirmou, em conversa com jornalistas brasileiros, que, passada uma semana de negociações, o país está mais flexível quanto às questões mais polêmicas das estratégias para que os países ricos financiem a redução das emissões de gases por desmatamento e para a inclusão da proposta no chamado Mapa do Caminho, que está sendo negociado em Bali.O diplomata afirmou que o Brasil está aberto à discussão de questões como a compensação por conservação ou degradação de florestas. Até a semana passada, a posição brasileira parecia inflexível quanto a esses temas ou à inclusão de mecanismos de mercado para compensar a redução das emissões por desmatamento. As negociações continuarão até amanhã (11) nos grupos de trabalho designados para costurar os acordos antes da chegada dos ministros de Estado, na quarta-feira (12).Quem chegou hoje (10) à COP foi o senador norte-americano John Kerry, adversário eleitoral do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, nas eleições de 2004 e forte opositor da atual política de mudanças climáticas adotada pelo país.Em tom de campanha, Kerry afirmou que aposta em novos rumos para as posições norte-americanas relacionadas ao aquecimento global até 2009, numa referência a uma possível substituição da administração Bush por um membro do Partido Democrata nas eleições presidenciais dos Estados Unidos no próximo ano."Os Estados Unidos estão dispostos a estar na mesa [de negociações]. Vamos defender uma mudança significativa nas políticas para enfrentar as alterações climáticas", afirmou Kerry.Conforme determina o Mapa do Caminho, em 2009 vence o prazo para o estabelecimento de um regime internacional que suceda ao primeiro período do Protocolo de Quioto. O protocolo prevê que as nações industrializadas devam reduzir, até 2012, as emissões de gases de efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados em 1990.Maiores poluidores do planeta, os Estados Unidos são alvos de críticas da comunidade internacional por se recusarem a ratificar o protocolo ou assumir qualquer tipo de compromisso formal para redução de emissões de gases de efeito estufa.