Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-ministro de Minase Energia Antônio Dias Leite, professor emérito doInstituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), disse hoje (6) que a controvérsia entre benefícioscom a construção de usinas hidrelétrica e prejuízos ambientais tem sido abordada deforma emocional no Brasil. “Nós temosque, de fato, confrontar as oportunidades que existem. Confrontar ashidrelétricas com as fontes alternativas”, disse ementrevista à Rádio Nacional.O ex-ministro observouque o Brasil tem uma grande dependência de energia hidrelétricavinda da Amazônia, mas que ainda não foi realizado naregião um estudo global do que vem sendo feito em termos deenergia elétrica como aconteceu nas Regiões Sudeste eSul. “Não sabemosexatamente quais os melhores projetos possíveis na Amazônia”,disse.Dias Leite admitiu a possibilidade de que, ao apresentar umcrescimento acelerado da economia nos próximos anos, o paísvolte a entrar em um colapso energético após 2010. “Seria dramáticoentrarmos em outra crise de abastecimento como em 2001. Calcula-seque se perdeu 3% do Produto Interno Bruto só com oracionamento”.Para o ex-ministro,quando se fala em um setor vital para o crescimento e desenvolvimentodo país como o setor elétrico, é precisoplanejamento por parte do governo. “Dez anos é omínimo. Pouca coisa pode ser feita para acontecer antes disso.Ainda mais agora que o licenciamento ambiental é o novo passoa ser dado em cada projeto”, disse.Dias Leite disse que éfavorável à finalização da usina nuclearde Angra 3, mas pediu cautela na discussão sobre investimentosbrasileiros em usinas nucleares. Segundo ele, os novosprojetos de engenharia em âmbito mundial merecem atenção,mas ainda não há comprovação comercialque valide as iniciativas. “Eu situo as usinasnovas como perspectiva para o ano de 2020. Acho que é um poucofantasia pensar em usinas de estrutura nova antes disso”.O ex-ministroconsiderou precipitado o leilão da Usina Hidrelétricade Santo Antônio. Porém admite que será possívelalcançar boas propostas em termos de custo e preços daenergia.“O processo foi,infelizmente, muito tumultuado. Não é o melhor caminho,mas é o que vai acontecer. Alguns desses consórcios vaioferecer uma proposta aceitável”.O leilão deenergia da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, que seráconstruída no Rio Madeira, em Rondônia, deve serrealizado no próximo dia 10. Além doconsórcio formado pela construtora Odebrecht e pelasubsidiária Furnas, também devem participar dalicitação as estatais Eletronorte, Eletrosul e aCompanhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf).A usina de SantoAntônio é a primeira das duas hidrelétricas quedevem ser construídas no Rio Madeira. O leilão para asegundo usina, a de Jirau, deve acontecer no início do ano quevem. As duas usinas devemgerar 6,5 mil megawatts de potência.