Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de ter a criação anunciada para o próximo domingo (9), em Buenos Aires, o Banco do Sul ainda é uma "abstração" porque não tem a linha de atuação totalmente definida, afirmou hoje (6) o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Luiz Eduardo Melin de Carvalho. Ele participou de audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados que discutiu o papel do futuro banco.Segundo Melin, o Banco do Sul deve ajudar a impulsionar a produção nos países da América do Sul, mas deve ter mecanismos distintos dos agentes financeiros já existentes, como Banco Mundial (Bird) e Banco Interamericano para o Desenvolvimento (BID). “Há um leque bastante amplo de possibilidades”, afirmou.Para o secretário, os sete países que formam o Banco do Sul, Brasil, Argentina, Venezuela, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Equador, terão de superar as desigualdades na formação do mercado financeiro. O Brasil é, segundo ele, o país com mercado financeiro mais bem estruturado. “No restante da região, os mercados financeiros são bastante tímidos e restritos”, ressaltou.Na avaliação de Melin, o Banco do Sul deve funcionar como ferramenta para dar aos países do continente a possibilidade de obter créditos e estruturar iniciativas produtivas que eles hoje não têm.De modo geral, a criação do banco foi bem aceita pelos demais participantes da audiência pública, mas houve críticas em relação à falta de debate em torno do projeto. “Faltou transparência e diálogo com a sociedade e o parlamento”, ressaltou o representante do Instituto Brasileiro de Análises Sócio-Econômicas (Ibase), Carlos Tautz. “A discussão sobre o assunto até agora foi um debate de gabinete, burocrático.” Tautz disse temer que o Banco do Sul repita os erros das instituições multilaterais existentes.Autora do requerimento de audiência pública, a deputada Luciana Genro (PSOL-RS) também cobrou mais debate sobre a institucionalização do Banco do Sul. Ela quer envolver o Congresso na discussão, mas diz que os próprios parlamentares desconhecem o assunto. Além de Luciana, apenas o presidente da comissão, deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) e João Magalhães (PMDB-MG) estavam presentes.