Clara Mousinho
Da Agência Brasil
Brasília - As medidas anunciadas pelo Ministério da Defesa para evitar uma crise nos aeroportos brasileiros no período da alta temporada irão beneficiar as próprias empresas aéreas, avalia o diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho. O plano apresentado ontem (4) pelo ministro Nelson Jobim prevê a criação de um sistema de compensação de atrasos de vôos para garantir o ressarcimento aos passageiros lesados.Com a medida, as companhias poderão decidir se os consumidores serão ressarcidos em dinheiro, depósito ou crédito junto à companhia aérea (milhas), em caso de atrasos líquidos superiores a 30 minutos, desde que não provocados por fatores externos, como mau tempo. Para o diretor do sindicato, “a partir do momento que ela [a empresa] pode escolher pagar essas multas em dinheiro ou em milhas, evidentemente que elas optarão por pagar em milhas”.“Se você levar em consideração que mais de 70% dos passageiros só farão uma viagem, essas milhas ficarão nos envelopes nas casas desses passageiros e, com o passar do tempo, elas perdem a validade. Então essa medida até certo ponto é inócua. Isso beneficia com certeza as empresas”, ele acrescentou.Carlos Camacho afirmou que a medida beneficiaria os passageiros apenas se eles tivessem o direito de escolher a forma como seriam ressarcidos. “É uma penalidade maquiada que, no final das contas, beneficia as empresas.”O governo anunciou também o aumento da tarifação do estacionamento de aeronaves nos Aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo. Camacho afirmou que essa medida não vai prejudicar as empresas, porque os aumentos serão repassados para o consumidor. “Se o desejo é o investimento no setor, de algum lugar tem que sair. Isso não prejudica as empresas, porque elas vão repassar esse aumento para os usuários”.Jobim também afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ordem para que a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) dê prioridade à reorganização do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Para Camacho, a medida é positiva e é uma forma de desafogar os terminais de São Paulo. “Eu entendo que o presidente e o ministro estão corretos em apontar o Galeão como aeroporto prioritário. Concentrou-se muito o transporte aéreo brasileiro na cidade de São Paulo. Enquanto isso o Galeão foi sendo deixado à esquerda”, avaliou.Camacho ainda afirmou que o Brasil deveria estimular o transporte aéreo em todas as regiões. “O ministro tem sim que dividir o Brasil. O país não é só a cidade de São Paulo. Temos que dividir o Brasil em outros pólos para que se possa desenvolver a economia e o transporte aéreo é essencial para o desenvolvimento.”