Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os recursos previstosno PAC da Saúde, lançado hoje (5) pelo governofederal, estão "aquém das necessidades do país",na avaliação do presidente da AssociaçãoPaulista de Medicina, Jorge Carlos Machado Curi. “Deveria haver umfinanciamento muito maior, proporcional ao tamanho do problema doBrasil”, afirma. O programa, que prevê várias açõesna área da saúde, tem recursos previstos de R$ 88,6bilhões.
Curitambém critica a vinculação dos recursos àCPMF. Segundo o governo, R$ 24 bilhões do PAC devem sair doimposto, que ainda não teve sua prorrogaçãoaprovada pelo Congresso Nacional. “Não adianta a gente fazeruma proposta que vira uma fantasia. Você propõe umacoisa importante como esta e não dá financiamentoatrás, e quem está na área que se vire. Nãopode ser assim, isso é uma irresponsabilidade”, avalia.
Avice-diretora da Faculdade de Ciências da Saúde daUniversidade de Brasília (UnB), Lilian Marly de Paula, diz queas medidas anunciadas são importantes e, se concretizadas,podem representar uma melhoria na qualidade do atendimento do SistemaÚnico de Saúde (SUS). Para ela, o ponto forte do pacotelançado pelo governo é a ampliação doPrograma Saúde da Família, que na sua avaliaçãoé uma sinalização da valorizaçãoda atenção básica no Brasil.
“Nãotem como resolver os problemas da saúde pública do paísse não começarmos pela atenção básica.Se continuarmos com o modelo voltado para a atençãodepois dos problemas já instalados, de atençãoapenas hospitalar, não vamos conseguir resolver o problema”,afirma.
Mas, nasua avaliação, o governo vai precisar negociar comdiversos setores para que as metas se tornem realidade. “Vaidemandar uma negociação política, porqueinterfere no jogo dos interesses das empresas, das redes de serviço”,diz.
Aprofessora acredita que a alteração nos planos desaúde, com o fim do prazo de carência nos casos demudança de plano, irá aumentar a competição entre as empresas, o que, na sua avaliação, ébenéfico para a população. Ela tambémelogia as ações de saúde bucal e a ampliaçãono fornecimento de medicamentos. “Na maior parte das vezes,quando o paciente consegue ser atendido, ele não consegue omedicamento”, avalia. A valorizaçãoda saúde da família é o principal ponto do PACda Saúde também para o coordenador do departamento deMedicina Social da Pontifícia Universidade Católica doRio Grande do Sul (PUC-RS), Marlow Kwitko. Ele lembra que, ao dar assistênciaprimária aos pacientes, são grandes as chances deresolver os problemas de saúde. Além disso, o professordestaca a ampliação do atendimento de urgência,da oferta de medicamentos, e a qualificação dosprofissionais de saúde como pontos fortes do PAC.