Camila Vassalo
Da Agência Brasil
Brasília - ACoordenação Regional da Fundação Nacionalde Saúde (Funasa) em Mato Grosso do Sul (Core/MS), em parceriacom o governo do estado, começou neste mês adistribuir para as etnias Guarani-Kaiowá, Terena eKadwéu a primeira edição da Cartilha sobreAleitamento Materno, elaborada pela própria comunidadeindígena. O objetivo do trabalho é conscientizar asmães indígenas da importância da amamentação,já que essas comunidades têm sofrido forte influência da cultura dos brancos eda mídia.
Serão distribuídas 9 mil cartilhas bilingues, escritas em português,Guarani-Kaiowá, Kadwéu e Terena. Inicialmente, a cartilha será lançada e distribuída nas aldeias Caarapó(região sul do estado), Bananal, no município deAquidauana, e Alves de Barros, em Bodoquena. O governo do Mato Grosso do Sul assumiu o compromisso da reproduzir as cartilhas.
Segundoo coordenador geral da Funasa em Mato Grosso do Sul, FlávioBrito, esse é um projeto inédito. “NoMato Grosso do Sul temos a segunda maior populaçãoindígena do país. A grande importância doineditismo dessa cartilha é que em momento algum se esperousobrepor a cultura indígena. Para isso, os própriosíndios que a elaboraram".
Brito disse que a distribuição estásendo feita pelos próprios agentes comunitários (índiosda própria comunidade) que foram capacitados para orientar efazer todo o trabalho de prevenção e educação em saúde. Ele ressaltou também que “nãoseria possível realizar esse trabalho se não fosse aparceria firmada com a governo do Estado”.
Deacordo com a gerente do Programa de Aleitamento Materno e Saúdeda Criança da Secretaria de Saúde do Mato Grosso doSul, Fátima Scarcelli, o projeto teve inicio em 2004, quando aSecretaria de Saúde do estado convidou a Funasa paraparticipar do Comitê Estadual de Estímulo ao AleitamentoMaterno do Mato Grosso do Sul. Esse foi o primeiro contato dasecretaria com a equipe da Funasa em Campo Grande.
Brito afirmou que, com essa parceria, foi proposta a elaboraçãode uma cartilha que orientasse a mãe indígena sobre oaleitamento materno e a introdução de novos alimentos.O projeto foi criado no ano passado e em seguida se realizaram oficinas pedagógicas com as comunidades indígenas. Participaram dos debates agentes comunitários, líderescomunitários indígenas, professores indígenas, que trabalharam uma metodologia construtivista.
"Otrabalho teve a participação das etniasGuarani-Kaiowá, Kadwéu e Terena. Agora estamos voltando junto com a Funasa às aldeias para fazer outro processo, já totalmente voltado para a aplicaçãodessa cartilha, estabelecendo estratégias de como ela seráutilizada por essa comunidade", disse Fátima Scarelli.
Segundo ela, foi um material que elaborado a partir da cultura indígena, não houve ainterferência da cultura do branco. "Nós deixamos bemclaro que não queríamos essa interferência para aelaboração da cartilha e foi respeitada a cultura decada etnia".
Amesma equipe da Funasa e da Secretaria voltou a aldeia para fazer umaoficina dando toda parte do treinamento do manejo básico dealeitamento materno e a introdução de novos alimentos.E a partir daí essas equipes de saúde indígena,professores, lideranças e mulheres indígenas poderãodistribuir as cartilhas nos seus postos.
SegundoFátima Scarcelli, até a fase atual de distribuição, acartilha, demorou mais de dois anos para ser elaborada. Primeiro foitrabalhada nas oficinas com as comunidades, depois o material foi revisado e encaminhado àscomunidades indígenas para aprovação e somente depois o materialfoi impresso.