Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Alternativas para ampliar aoferta de água no semi-árido nordestino, tanto destinada ao consumo humano eanimal quanto à geração de energia elétrica, foram debatidas hoje (4) durante seminário que reuniu, em Recife, engenheiros, empresários, pesquisadores, estudantes universitários erepresentantes de empresas públicas e privadas.Segundo o economista Josué Mussalém, água eenergia são temas estratégicos que interferem no desenvolvimento de todos ospaíses do mundo. Ele disse que a idéia do evento, promovido pela FundaçãoGilberto Freyre em parceria com o governo do estado, foi fazer projeções sobrea oferta de água em uma região marcada pela escassez de chuvas.O engenheiro João Suassuna, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco,apresentou durante o encontro uma visão contrária ao projeto, dogoverno federal, de integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficasdo Nordeste Setentrional. Ele justificou que o Nordeste possui água acumulada emmais de 70 mil represas, acrescentando que falta viabilizar uma política dedistribuição desse insumo para a população que habita o semi-árido. “O estadodo Ceará, por exemplo, tem a represa doCastanhão com mais de 6 bilhões de metros cúbicos de água, mas a populaçãoque vive no entorno passa sede. Entendemos que o problema do abastecimento hídricodeve ser resolvido por meio do uso de adutoras e não com a construção de canaisque não irão solucionar a falta de água para as populações abastecidas com frotasde carros pipa. As águas da transposição vão favorecer o agronegócio, a criaçãode camarão, irrigação de frutas e indústrias”, declarou.Já o economista da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Huseyin Miranda,disse que o projeto de transposição do Rio São Francisco vaireduzir a insegurança hídrica para uma população de 12 milhões habitantes dosemi-árido junto com outras soluções. “O complemento será feito com cisternas,açudes, barragens e operação adequada dos atuais reservatórios", disse Mirandaque ainda assegurou que o rio não sofrerá prejuízo com a transposição das águas. “O SãoFrancisco foi beneficiado com a revitalização que receberá, até 2010, recursosde R$ 1,3 bilhão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para projetos desaneamento de esgotos, contenção das margens, reflorestamento, entre outros”.Outros três eventos com o mesmo tema deverão ser realizados, no próximo ano: um em Fortaleza, outro em Natal eo último em Salvador.